Preciso de Flores!

Estão guardadas na Quasi


sábado, 30 de agosto de 2008

Gostava de ser um viaduto

Relembro as cidades enquanto cor,
maleáveis em viadutos. Ruas
que crescem dentro dos passos sonoros
e barcos que se levantam demais
à procura de limites fechados
entre esta pressa que se faz encontro
depois das casas ainda em segredo.

Rui Almeida

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Poema da semana (Poetry International)

THE RETURN

I often dream about the ocean
and would like to write
a long ode to water, because I live
on a drought stricken flood plain
next to a sea where a baked delta
opens between glittering sandstone cliffs
& the dunes and beaches make holiday resorts
seem like colonies in outer space.
Where are the green islands? Where are
the sticky hibiscus flowers,
the paddocks full of clover and grass,
the intricate mangrove swamps
& the mud that squelches between your toes?
Instead I am covered in salt—
the same brother you forgot
whose wounds were like rumours
of the rains’ failure
but who returns even so, just as the wet arrives
after weeks of dry storm lightning out to sea
& who stands in front of you
dressed in his flash city clothes
but suddenly shy, like a stranger embarrassed
by wet footprints and tears
& the sudden atmosphere of drama.




From: John Forbes, Collected Poems: 1970-1998
Publisher: Brandl & Schlesinger, Sydney, 2002
ISBN: 1876040270
© Michael Forbes, 2002

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

As Confissões de Santa Joana Princesa

Eu não gosto muito de blogues, e já ando cheia de vontade de mandar este à vida (ainda por cima, depois do Ninguém ter acabado com o dele). Mas graças ao blog conheci pessoas magníficas (e algumas menos interessantes, que, por essa mesma razão, me fizeram muito bem ao ego).
De vez em quando recebo poemas. Este verão recebi parte da Teoria da Terra e uma versão botânica de um Historiador da nossa praça. Também recebi uma linda carta de um bicho da seda. O que ode acontecer de melhor a uma botanista de domingo?
Foram mais as alegrias que este blog me deu. Chatices, acho que nenhuma, só o facto de eu ter de escrever qualquer coisa de vez em quando. E a escrita tem de ser solitária (o que eu escrevo não publico aqui).

Queria agradecer os comentários, os mails que tenho recebido e às evzes não respondo. Aos poetas que me "linkaram". Fico muito feliz. Mas eu cada vez sou menos bloguíca.

Ando com imensas chatices com o meu gato. Aquilo é um monstro (bem tinha razão um comentário que recebi). Ando toda arranhada. Ele até ataca os meus olhos.

Agora ando a aprender sueco para conseguir ler aqueles policiais suecos no original.

Tenho o meu romance ainda na versão da reescrita e isso está a chatear-me muito. Para não falar da tese. E da tradução da minha mística.

Setembro vou para Portugal. Espero até lá fazer o milagre das rosas. Para vocês todos/as e nnguém (ninguéns) um abraço. Em sueco

Emparedada/Uit de Muur

Emparedada/Uit de Muur
Um ciclo de poemas portugueses e neerlandeses

Klompen / Socos


Klompen/ Socos

Klompen/ Socos: tamancos, chinelas de pau, tb. acto de toque fisico, agressivo, da /tua, minha/ mao na / minha, tua/ face

Klompen


Gostava de te dizer como são os meus passos que me afastam de ti.
Como não vivo para ti, nem escrevo para ti.

Como não penso no meu amor, nem te amo em pensamento.

Como não te vejo nos lugares onde nunca estivemos juntos.

Como tu não me pisas quando me obrigas a seguir os teus passos,
ou como não me calcas quando descalças os pés às leonores
que bebem da tua fonte.

Como caminho firme e confiante pelos prados holandeses, entre as vacas e a lama,
e me afasto cada vez mais de ti.

Como os meus passos se afastam dos teus passos, correndo para longe, longe,
esperando que o mundo seja realmente redondo, e não plano,
e possa, um dia, chegar às tuas costas, tapar os teus olhos e dizer-te
mijn thuisland is niet meer mijn taal.


Socos


Ik wilde je zeggen hoe mijn stappen zijn die mij van je verwijderen.

Hoe ik niet leef voor jou, niet eens schrijf voor jou.

Hoe ik niet denk aan mijn liefde en je evenmin bemin in gedachten.

Hoe ik je niet zie op de plaatsen waar we nooit samen waren.

Hoe je me niet vertrapt wanneer je me dwingt je stappen te volgen,
of hoe je me niet plet wanneer je de schoenen uittrekt
van de leonoors die drinken uit jouw bron.

Hoe ik ferm en vol vertrouwen door de Nederlandse weiden loop,
tussen koeien en modder, en me steeds verder van je verwijder.

Hoe mijn stappen zich verwijderen van jouw stappen, rennend naar de verre verten,in de hoop dat de wereld werkelijk rond is, en niet plat,
en dat ik op een dag achter je sta, mijn handen op je ogen leg en zeg
a minha pátria já não é a minha língua.


Joana Serrado, Emparedada/ Uit de Muur, Uitgeverij de Passage, 2009, p. 32, 33

A minha pátria não é a minha língua