Preciso de Flores!

Estão guardadas na Quasi


terça-feira, 20 de maio de 2008

TRATADO DE BOTÂNICA SEGUNDO BREVITAS RACHMANINOVIANA

Método Duvidoso II
"Alguma vez faremos amor?" - interrogam as orquídeas, plantas herbáceas perenes, monocotiledóneas, terrestres e saprófitas, mas nunca parasitas verdadeiras, que são o teu regaço.

Joana Serrado, Tratado de Botânica, ed. quasi, 2006.


notas do pn:

orquídea - testículo + suf. idea
saprófitas - plantas podres
monocotiledóneas - subcl. de pl. angiospérmicas, caract. por embrião provido de um só cotil., raiz fasciculada, caule atravessado por feixes condutores fechados, folhas invaginantes com nervação paralelinérvia e flores trímeras
angiospérmicas - vaso + semente
fasciculada - feixe pequeno, pequeno tufo de pêlos ou cabelos
invaginante - capaz de envolver (total ou parcialmente) o entrenó
trímera - constituída por três partes
entrenó - espaço entre dois nós consecutivos do caule das plantas
caule - haste, parte alongada do eixo de uma planta que nasce acima da raiz, cresce em direcção oposta a esta, suporta as folhas e estabelece a comunicação entre elas e a raiz, para a circulação da seiva
seiva - saliva, alento, vigor

regaço- der. de regaçar, recolher, cova que a roupa faz entre os joelhos e a cintura de quem está sentado

Paulo Neto

2 comentários:

Joana Serrado disse...

com notas de rodapé assim não há palavra que resista. Não sei se te agradecer ou amaldiçoar.

Anónimo disse...

é uma alegria ver aqui o paulo. foi a botânica a brevitas e veio brevitas à botânica :) fantástico! beijinho grande, joana.

Emparedada/Uit de Muur

Emparedada/Uit de Muur
Um ciclo de poemas portugueses e neerlandeses

Klompen / Socos


Klompen/ Socos

Klompen/ Socos: tamancos, chinelas de pau, tb. acto de toque fisico, agressivo, da /tua, minha/ mao na / minha, tua/ face

Klompen


Gostava de te dizer como são os meus passos que me afastam de ti.
Como não vivo para ti, nem escrevo para ti.

Como não penso no meu amor, nem te amo em pensamento.

Como não te vejo nos lugares onde nunca estivemos juntos.

Como tu não me pisas quando me obrigas a seguir os teus passos,
ou como não me calcas quando descalças os pés às leonores
que bebem da tua fonte.

Como caminho firme e confiante pelos prados holandeses, entre as vacas e a lama,
e me afasto cada vez mais de ti.

Como os meus passos se afastam dos teus passos, correndo para longe, longe,
esperando que o mundo seja realmente redondo, e não plano,
e possa, um dia, chegar às tuas costas, tapar os teus olhos e dizer-te
mijn thuisland is niet meer mijn taal.


Socos


Ik wilde je zeggen hoe mijn stappen zijn die mij van je verwijderen.

Hoe ik niet leef voor jou, niet eens schrijf voor jou.

Hoe ik niet denk aan mijn liefde en je evenmin bemin in gedachten.

Hoe ik je niet zie op de plaatsen waar we nooit samen waren.

Hoe je me niet vertrapt wanneer je me dwingt je stappen te volgen,
of hoe je me niet plet wanneer je de schoenen uittrekt
van de leonoors die drinken uit jouw bron.

Hoe ik ferm en vol vertrouwen door de Nederlandse weiden loop,
tussen koeien en modder, en me steeds verder van je verwijder.

Hoe mijn stappen zich verwijderen van jouw stappen, rennend naar de verre verten,in de hoop dat de wereld werkelijk rond is, en niet plat,
en dat ik op een dag achter je sta, mijn handen op je ogen leg en zeg
a minha pátria já não é a minha língua.


Joana Serrado, Emparedada/ Uit de Muur, Uitgeverij de Passage, 2009, p. 32, 33

A minha pátria não é a minha língua