Preciso de Flores!

Estão guardadas na Quasi


sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Silesius droomt


Cees Nooteboom

SILESIUS DROOMT


Dromen zijn waar omdat ze gebeuren,
onwaar omdat niemand ze ziet
behalve de eenzame dromer,
in zijn ogen alleen van hemzelf.

Niemand droomt ons terwijl wij het weten.
Het hart van de dromer blijft kloppen,
zijn ogen schrijven zijn droom, hij is nu
niet in de wereld. Hij slaapt binnen en buiten
de tijd.



De ziel heeft twee ogen, dat droomt hij.
Het ene kijkt naar de uren, het andere
ziet er doorheen,
tot waar de duur nooit meer ophoudt,
het kijken vergaat in het zien.

Agora a tradução a sério, do Arie Pos, que a minha estava lamentável. Até nos meus próprios poemas cometo erros. Mas que se pode exigir de uma poetisa que se dedica à mística? Não está ela própria acima da gramática???

Silésio sonha

Os sonhos são verdade porque acontecem,
falsos porque ninguém os vê
a não ser o sonhador solitário
nos seus olhos tão somente seus.

Ninguém nos sonha enquanto o sabemos.
O coração do sonhador continua a bater,
os seus olhos escrevem o seu sonho, agora
ele não está no mundo. Dorme dentro e fora
do tempo.

A alma tem dois olhos, é o que sonha.
Um olha para as horas, outro
vê através delas
até onde a duração nunca mais acaba,
onde olhar se transforma em ver.


quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Cantos Extraviados del español groninguense por Enrique de Vries



Gestalten in Groninger Museum



Hijo de agosto me siento
¡Y cuánto ardor me agostó!
negro espectral firmamento
Con su fuego turbulento
Mi lujuria enfureció.
Fiebre del deseo cruento.
Bochorno: gozo y tormento.
Siempre el verano opulento.
Me embelesó, conturbó
Como mágico portento.
En muchas obras lo ostento:
Hijo de agosto soy yo.



Este senhor groningues, Hendrik de Vries
um dia acordou a " cantar" em castelhano.

Isso dá-me a esperança de um dia acordar filha de Novembro...

PROCURA-SE, por favor reenviem isto




Procura-se

um til. No teclado. Ja descobri as cedilhas çççççççççççç, estao aqui com o alt e o ponto final. Mas, de resto, nao encontro o til, que até me faz falta. O acento circunflexo só de vez em quando aparece. Os acentos graves vem com o alt, mas mesmo assim isto está complicado.

É muito triste uma pessoa com pretensoes a poetisa (sim, feminino do singular) nao pode por acentos....


Recompensa: mando um postal de Groningen `a /ao feliz contemplada/o.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Os estatutos do amor

Os estatutos do amor

1 (Direito a possibi1idade)

Que todo o abraço seja contundente como o teu olhar.

Que todo o olhar seja emergente como a tua palavra.

Que toda a palavra seja tao urgente como a tua mão
nos meus cabelos.

2. (Direito ao Espaço a ao Tempo)

Que haja tempo em bloco e não ruptura de tempo.

Que minha ilha seja teu porto e teu porto nos seja santo.

Que a comunhão se faça tanto no beijo como no silencio.



3. (Direito a Fecundidade)

Que do teu umbigo nasçam flores com seiva de primavera.

Que eu possa viver do seu perfume a sobreviver a sua acidez sem as desflorar.

Que o prazer não precise de extrema-unção mas que a unção do prazer seja extrema.


4. (Direito a perfeição)

Que a palavra ‘amor’ nunca seja proferida em vão.

Que o amor venha já feito, perfeito e não por fazer.


Joana Serrado (qua Santa Joana Princesa)
Premio Agostinho Gomes 2006



Este era o poema que foi retirado do fim da Botanica. Ficou apenas... e ele disse.
Agradeço aos que escolheram este poema para envergar o nome de Agostinho Gomes.

Quem quer casar com a Carochinha que arranjou uma casinha?


Em neerlandes, kamer significa quarto. Mas também significa gabinete. A joaninha carochinha ganhou um gabinete...
Para fazer inveja aos que nao tem e sempre sonharam com um (que duvido que seja algum dos leitores deste blog), vou descrever-vos:

Uma mesa triangular, de parede, uma janela para a Reitoria, uma cadeirinha daquelas quie sao boas para os rins e tem rodinhas, um computador, um telefone (com ligacao directa), um armariozinho com tres gavetas (uma das quais tem umas reentrancias para por talheres, mas claro deve ser para por outras coisas, uma gaveta normal e outra para por ficheiros), um arquivo de plastico, duas estantes, uma das quais que se pode fechar`a chave, fita cola, clips, corector, agrafador, nietjes (agrafos), um bengaleiro de design moderno um bloquinho d enotas da Hervormede Kerk (e ainda dizem que isto e estatal), uma biblia (traduzida pela sociedade biblica de Amsterdao), dois cestos de papeis e um post stick.

Ja vos falei do aquecimento central?

Quem quer casar com a Carochinha que arranjou uma casinha?

Amanha trago a máquina fotográfica e tiro imagens. Isto merece. Isto merece.

As maçãs de Adão




O meu fim de semana foi, claro está, na Biblioteca, mas fui ao cinema ver As maçãs de Adão


Gostei muito, aqui está mais um exemplo de uma comédia protestante, a rivalizar com a soturnidade teológica do Bergmann (será por ser dinamarquês?). O certo é que ganhou o Prémio do Público no Festival de Cinema Fantástico de Amsterdão, e deliciou tanto - menos pela qualidade artística e mais como pegam nos clichés biblicos e protestantes, dando uma imagem positiva à vida. É despretensioso e deixa-nos com um sorriso nos lábios.

No outro dia estava tão impregnada de Protestantismo que resolvi ir assistir às Matinas do Hervormde Kerk (Igreja Reformada), na Martini kerk, mesmo em frente a minha casa. Lemos, cantamos, e sentamo-nos todos numa mesa tipo última ceia onde partilhamos um pão de forma género Bimbo e bebemos (todos) do mesmo cálice (um vinhinho doce, talvez Porto). Eu senti-me um bocado profanadora - disse logo, sou Católica, como se fosse mesmo (aliás, aqui não tenho nenhuma dúvida)- mas eles também não acreditam na transsubstanciação, portanto, lá fui eu. Todos se conheciam uns aos outros. Eu vi lá o meu Professor de Religião em Conflitos (cadeira que nunca cheguei a terminar, mas deu-me uma bibliografia interessante para a tese...Michael J. Sandel e o comunitarismo. Agora se isto tem alguma coisa a ver com Religião e Conflitos é que é mais difícil.).

No início do serviço (não é missa), um senhor veio dizer que as (poucas) flores que lá estavam seriam ofereciidas a uma determinada família. No final, pediram ajuda para arrumar a mesa. Houve peditório, mas com senhas (compravam senhas de 0,50 e depois punham num saco preto. Parece que à noite, nas vésperas, haveria mais Biblia, mas eu troquei-a por outro filme, Becoming Jane (Austen). Não me convenceu muito, porque é que uma escritora tem de ficar solteirona?

Claro, no século XIX não estava mal pensado... E aquela figura masculina, o apaixonado dela, achei-o desinteressante, e só o facto de ela gostar dele, fiquei logo com má impressão do filme. Alguma coisa estava mal (ao contrário do que aconteceu no Reino da Dinamarca, claro...)

domingo, 23 de setembro de 2007

O tratado da Ana Filipa segundo o Silencio








Wo sind die blaue Blumen?

Tratado de Botanica, Quasi, 2006








Ana, Esqueci-me das outras duas imagens. Procurei-te numa tarte de Rabanete. Quem serás tu?

F.C.T.

O meu apoio aos estudantes de doutoramento que são injusticados pelas avaliacoes da FCT. É a FCT que me sustenta, mas sei que as avaliacoes, enquanto nao forem internacionais e objectivas, nao poderao melhorar a qualidade e ímpeto da nossa producao científica...

O meu Neo-Realista tambem está a espera de uma, na segunda volta. Sei a angustia que passei o ano passado, e imagino o que voces devem estar a passar.

So vos peco: hoje chorem, mas amanha continuem. Nao desistem. É isso que conta apenas. (E digo-vos para me confortar a mim também, nos momentos mais sobrios, como passar um domingo numa biblioteca, e ficar triste por ela fechar daqui a 1hora e meia...)

sábado, 22 de setembro de 2007

MEIAS-CALÇA


Quando eu era pequenina, a minha Mae obrigava-me a vestir poderosissimas meias-calca. Eu olhava com volupia para os collants das raparigas crescidas...Eram tao mais bonitos e finos.

Agora, que sou quase uma balzaquiana e tenho horror a calcas (nao é por causa dos homens, é por causa das ancas), voltei as grossissimas meias-calca. É que constantemente rasgava os collants- não sei se as unhas dos pés ou das mãos...E, afinal, nem combina muito comigo.

E grande alegria do Outono- andar com saia e meia-calca...

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Rio acima, contra o sol




Porque tenho subir o rio contra o sol?
Porque não posso ficar junto ao rio ?
mesmo que seja em dia certo
a horas certas
para ver a outra margem?

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Tratado do Silêncio segundo Ana Filipa

Pudesse haver um Tratado do Silêncio, o estudo das palavras que ficam por germinar.


Uma leitora agradecida ;]










Agradecimentos:

Agradeço à Fulminância do teu silêncio e ao silêncio do teu Amor.

Tratado de Botânica, Quasi Edicoes


PS: Agradeco esta contribuicao da Ana Filipa, mais um fruto que me encontrou e enviou estas magnificas imagens (sem método científico). Só agora ponho isto on-line, porque, como te deves ter apercebido, tenho andado noutros mundos.
A Ana Filipa baptizou-as como Tratado do Silencio. Ja completei os da menina Toxica e da Menina Limao. Estou a tua espera, Tangerina. Agradeco-vos a todas (e espero que venho alguem do outro sexo, tambem!) pelos vossos contributos para a germinacao.

Palermices


Já voltei. Mais feliz, claro.

Tudo o que eu profetizei na minha última mensagem aconteceu. Perdi aviões, aviões perderam-se de mim, perdi a carteira, as chaves, por acaso, ao que consta, não, porque não as levei, e tive de esperar ao pé das hortensias para que alguém me abrisse a porta.

Correu muito bem a apresentacão. Sentia que estava a trair a minha linhagem poética, mas com meia garrafa daquele tinto já tinha passado para outro nível.

O Fábio fez um brilharete com a sua exposicão: as pessoas já arrancavam as fotos e eles vendi-as. Ai a minha joaninha que voou. Os meus livros esgotaram-se. Até o que estava em cima da mesa. As pessoas deixaram palavras de alento no meu Livro de Honra. Consegui fazer dedicatórias diferentes para toda a gente. Vi a minha professora da escola primária. E....

conheci a meninalimão e a meninatangerina


Depois fomos a um sitio barulhento por a conversa em dia (de uma vida).

Temos imensos projectos. Saí de lá com um sorriso enorme.

No outro dia é que foi pior- e não consegui ir à exposicão da Poesia Anónima. Mas já vi a minha árvore... É bem mais poderosa que o poema - até fiquei chateada com a meninalimao por ela ter escolhido aquele!

De resto, parti para Palermo sem fazer a comunicacao. Levei duas malas de rodinhas e um saco da Strand cheio de livros, dossiers, anotacoes. Na segunda-feira, por intervencao divina (só pode ser!) lá fiz um texto. Apresentei-o no dia seguinte a um público frio e austero que não acreditou muita na hipótese do Mestre Eckhart ser discípulo das Beguinas, mas lá saí de cabeca erguida. (Ainda há quatro anos, estava a vender livros da univ. de Coimbra, agora já era tratada por professoressa apesar do meu aspecto duvidoso). Houve congressistas que lá nem puseram os pés.

No entanto, aprendi com a licão: congressos nunca mais. Só quando finalizar a tese. Não quero perder mais oportunidade de andar de exposicao em exposicao com os nossos citrinos, para andar a flagelar-me com a minha (pseudo) sabedoria assintotica.

Há mais no mundo alem de medievalices. Especialmente quando sao Palermas. Mas, enfim, uma candidata a poeta tem de ocupar o tempo entre o silencio e a palavra...E ganhar algum dinheirito para comprar livros e penar por eles...

PS: Será que é muito pretensioso da minha parte pôr um link de um jornal da terra com a minha apresentacão? É que está lá o vereador da cultura, tão deliciado a olhar para mim, que até dá gosto.

(Esperemos que a sua excelentissima esposa nao fique ofendida)

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Às 3 ou 4 pessoas que lêm o meu blog (incluindo a minha Mãe)

Vou estar fechada para obras durante esta semana.
Vou ter também de tirar a imagem que pus ontem para não deixar os novos amigos em maus lencois. Pena...
Por favor, se virem erros (descontando os acentos, cedilhas, etc., que existem para aqui mas eu nao tenho tempo para os procurar) digam-me qualquer coisa. Parece ate que tenho escrito Garcia em vez de Gracia. Depois corrijo. (Obrigada mae). Mas, aqueles que me conhecem, sabem que eu não sou burocrata ( e isto nao é uma piada para ti Mae).

Vou estar,como sempre, incomunicavel pois hei-de perder telemoveis, comboios etc etc.
Espero ver-vos todos amanhã, ou, aqueles que nao vejo, retomar o contacto na próxima semana.
Parece que é uma despedida derradeira, mas uma exilada tem sempre este tom sentimental, novecentista., especialmente quando volta para o seu país.

Aufwiedersehen.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Quando eu crescer

quero ser como ela

Plágio

Hoje o dia não me está a correr bem. Nao consigo avancar na escrita do meu paper que daqui a 6 dias o mundo medieval está à espera de ouvir. Depois descobri que havia outra. Outra Botanica. Anda aí um Senhor Poeta, a desenterrar coisas dos jardins, canteiros que não lhe pertencem. Então não é que apareceu um livro chamado Novos Florilégios. Contributos para uma Botânica Extática.. Ainda por cima, tem uma Mineralogia.

A inveja é um dos pecados mortais, tenho de me convencer disso. Mas enfim, tenho de me reduzir à mortalidade.

O que o salva, claro, é ter publicado um magnifico Livro das Horas .

Ainda reduz um pouco a subjectividade da mulher ao corpo, mas não se poderia esperar outra coisa de uma Botânica não feminista...

E enquanto eu tenho de estar às 21h numa biblioteca desengracada, lá está ele, a viver a minha vida, no Porto.
E eu aqui... e eu aqui....

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Convite



Manuel Córrego, Menina Limão e Arie Pos vão apresentar o meu livro (mais vale tarde do que nunca) em São joão da Madeira, no próximo dia 14 (depois de amanhã, não é????). Vai haver uma exposicão fotográfica de Fabio Lopes, namelessChagrin
Acho que vou lá estar.
Se vocês também pudessem vir, era óptimo.

Convite

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Soteriologia aplicada a um Cinzeiro Azul


ou
Crítica à Faculdade de Salvar.


Henrique. Eu saúdo-te. Eu desejo-te saúde. Eu salvo-te. Eu já estou saudosa do tempo em que deixaremos de estar juntos, saudavelmente, salvos.

Salvar significa fazer o impossivel para o futuro. A poesia contém a faculdade de salvar. Um poema é a salvacão. Salva do imperfeito, do ruído (a poesia é canto!), salva (apanha, recolhe, fortalece) húmus. O poema salva o teu futuro, o teu mundo, os teus filhos. O poema é, em última instância, apenas tu.

Mas quando pretende salvar, põe-se de encontro a outrém. Esbarra, é certo, mas não pode ser marginalizado – é a outra margem, a outra possibilidade, o outro mundo (a tua quase carne, o teu filho.).

O poema torna-se no nós. Como quando te arrepias com a beleza ou crueza de algo que escapa à tua conceptualizacão. Torres a arderem, uma gaivota ferida, um plástico na praia. O teu poema repõe a beleza dessa ordem e quando salva, redime, transforma.

Tanja Nijmeijer é uma jovem holandesa, que andou por aqui onde eu ando, e juntou-se às FARC. Há pouco tempo, um diário dela foi descoberto e publicado num jornal. Ela desabafa a vida dura que leva, mostra as contradicoes entre o utopia e a guerrilha, e pensa em voltar. A vida dela corre perigo – dos dois lados. Voltando para um mundo que não é o dela ou ficando num mundo que ela não está a conseguir construir. Provavelmente já não terá escolha – mas temos nós escolha?

O poema é que nos vem salvar porque nos redime. Não aliena, mas serve de motus, é a infantaria da revolucão. Um poema que refizesse continuamente um mundo. Um mundo onde eu pudesse abrigar-me e ser abrigada no teu poema. Um cadáver vivo amando.

Um poema que dissesse morro, mas salvo-te. Espero pelas cinzas do teu cinzeiro.

www.antologiadoesquecimento.blogspot.com

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

A mulher que sabe demais



http://www.globalvoicesonline.org/2007/09/06/colombian-newspaper-unveils-dutch-woman%C2%B4s-secret-farc-guerrilla-diary/

Esta rapariga, Tanja Nijmeijer, estudante em Groningen e revolucionária (copulativa mas não adversativa), ficou presa nas grades do seu sonho. Militante das FARC, recentemente foi descoberto o seu diário e publicado num jornal colombiano. Penso noutra holandesa (por escolha), Anne Frank, e no seu diário.
Admiro Tanja e sofro pela sua vida que agora corre perigo. Ela teve coragem para seguir o seu caminho. Vacila, claro, e a realidade de guerrilha mostra-lhe o lado negativo da utopia. A sua escrita mostra a inumanidade da faculdade de sonhar.


Agora, algo completamente diferente:

desculpa, Menina Toxica, ainda nao juntei o teu amterial. Estou com um dilema também: se vou escrever mais posts, o nosso cadaver exquisit (e não esquisito), como irá sobreviver na página? É constantemente engolido pela voragem dos dias. Será que não posso pôr permanentemente, à mostra, no arquivo?
Têm sido tempos muito emotivos: Tanja, Theo van Baaren, o meu primeiro poema em neerlandês, as palavras da meninalimao sobre um livro Secreto (que agora já tem esse nome, o de Livro), a discussão com o Henrique Fialho sobre a salvacão...Até acordei às 7h da manhã antecipando beleza. E descobri o enchiridion symbolorum na net. A vida não é magnifica? Só faltava eu finalizar o meu capítulo para me realizar no existir.

Vou tentar.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Epitáfios a completar

Estas minhas flores foram encontradas nos jardins de outras meninas (meninalimao, cicio, polvosabao )

Venham apanhá-las junto à minha campa, e deixem as vossas sementes para a minha nossa ressurreição.


PS: Bem vinda tangerina. O Herberto Hélder pode ter um poema a uma laranja, mas eu tenho agora uma tangerina!!!


A ideia é vocês juntarem ideias (imagens, palavras, músicas, seja o que quiserem, a estas palvras. Eu publico a seguir. Como se vocês fizessem a vossa continuacão ou apropriacão do poema, como têm feito nos vossos sites. .). E eu junto. Mas estou aberta a outra modalidades ....

Tratado segundo Menina Tóxica


Menina Tóxica


Dou-vos um mandamento novo:
(auto)polinizai-vos.


Tratado de botanica,

Tratado de Botanica Segundo menina Tóxica II



Menina Tóxica

Sei que sou eu na tua incerteza
Tratado de Botânica

Tratado de Botânica segundo Salomé

1ª Nota de Rodapé

estou um pouco ansiosa. talvez procure magnólias ou rosas. contentar-me-ei com rosmaninho?
.

.
Tratado de botânica, joana serrado.

para este poema, para esta formulação, para esta nota de rodapé que passa constantemente debaixo dos dias, tenho apenas uma frase da virginia woolf, uma fala da pequena susan d'as ondas, que diz: «estas palavras são brancas como seixos apanhados na praia».


o ficar ou avançar reside sempre numa questão essencial como essa. mas aqui ela é colocada na forma de poema, o que a torna ainda mais aguda. porque é pelos poemas, como este, que se vai chegando ao centro de tudo.


Ana Salomé , 4 de Setembro

Epitáfios Incompletos III


E eu digo: “abraça-me”. E os teus braços fazem-se.
E eu digo: “abrasa-me”. E tu fazes-te em braços.



É neste momento que a camélia, escondida, se ruboriza e a página tinge-se sem perfume.


Tratado de Botânica, Edições Quasi, 2006

Epitáfios Incompletos II


in http://meninalimao.blogspot.com/search?q=serrado

Questão de Estado

[antes que me esqueça: sabes que te amo e que não te amo, sem ninguém excluído]

T.B.

Epitáfios Incompletos


in http://meninalimao.blogspot.com/search?q=serrado


De vinte e quatro maneiras morremos,
De quarenta maneiras ressuscitamos em flores.

Tratado de Botânica, Quasi Edições, 2006

domingo, 2 de setembro de 2007

Cadáver exquisit



Minhas Leitoras em Flor.
(Limão, Tóxica, Salomé e quem quiser se juntar ao meu precioso canteiro)

Vocês vão transformar-me numa mulher pretensiosa, com manias de génio, com écharpes esvoaçantes e tudo.

Vocês têm feito aquilo que eu não consegui fazer com a Botânica- transformá-la num livro de poemas. Para mim, no decurso terrível da escrita, sempre o vi como um poema. Uma epopeia, um tratado. É por isso que me fere tanto, e peço às pessoas que o leiam de um só trago, como se ao fazerem de de outro modo não a pudessem já compreender.

Há uma história, uma narrativa, dizia eu à Prof. Vera Vouga que esteve no júri. E ela corrigiu-me: não diga nunca narrativa, cada verso lê-se por si próprio ( mas eu não fiquei convencida. Até o Arie Pos, o pai dos meus poemas, me dizia que ia escolher um poema para traduzir para neerlandês, ao que eu, indignada, respondi: mas tem de ser o livro todo, se não ninguém entende!)

As minhas leitoras, com as suas ilustrações, com os seus comentários, deram uma nova dimensão ao livro.

É bom também ver que ele não está tão preso a mim, como se eu apenas tivesse a chave para o ler!

Gostava muito de vos propor este desafio, este cadáver exquisit.

Juntavamos essas vossas interpretações de cada verso (mesmo que sejam de versos repetidos, e formavamos uma nova Botanica). Não sei se este blog poderia ser esse espaço (era simplesmente para reunir as vossas visões).
A ordem poderia se a estabelecida pelo Robert Show, a propósito do Buñel, mencionada pela meninalimão aqui. (imaginem agora que há uma hiper ligação para nesta palavra para http://meninalimao.blogspot.com/2007/08/paredes-de-coura-3-may-april-march-play.html. A meninalimão explicou como se faz mas eu ainda não entendi!)


Que acham ? Sugestões são bem vindas..

E até posso juntar os versos que foram censurados!!(palavra essa que magou os meus amados e sensiveis editores, e por isso estou a estudar teologia até ao fim dos meus dias para redimir a culpa, minha grande culpa!!!)

E claro, o convite não é só para as meninas da escuridão. Precisamos alguém que nos ilumine e inspire, com uma límpida medida, quem sabe!

Desafio está lançado. Espero pelas vossas (re)acções!

sábado, 1 de setembro de 2007



Diploma para voar

Diplomaticamente


dizes-me para remendar os bolsos com papel
certificado,
diplomas para levantar
voo
sem rede.



esquecendo-te como sou altamente inflamável
sem papeis
carbonizando-me lentamente
na teia esquecida
das tuas penas.

Nov.2005

Gosto de subornar os meus superiores hierárquicos com poemas. Não considero que sejam poemas de circunstância ou de elogio fácil. Também não é o Poema, aquele ponto fixo que move o mundo. O meu mundo.

Seduz-me o poder das pessoas, do poder que elas têm sobre mim e mostram ter sobre o destino dos outros. Desprezo tanto a autoridade que ela se torna pensamento obsessivo e total demanda. Se calhar a psicanálise tem outra explicacao. Mas não é a minha.

Este poema foi escrito aquando do incendio no aeroporto em Schipol, em 2005, vitimando vários estrangeiros "sem papeis" que buscavam refúgio na Holanda.

Este poema foi a minha despedida inconsciente do homem que não poderia orientar-me.
Mas ele não entendeu. E eu não consegui ser mais explicita, nessa altura, porque também como ele, e contrariamente ao poema, desconhecia o futuro
Agora vou ter de me encontrar com ele no corredor da minha pequena faculdade. Nunca me cruzei com alguém que soubesse, declaradamente, que não gosta de mim

Será que vou chorarà frente dele? Ignorá-lo? Mas não se pode ignorar um catedrático mesmo quando estamos na Holanda. São flores sensíveis e perigosas.

Sempre posso tentar evitar ir à faculdade. Desistir do meu projecto. Ou fixar o seu horário, de modo a que nunca nos encontremos. Ou mesmo, usar a porta de trás.

Sorrir e dizer bom dia é que me parece ser apenas impossível.

É isso que me continua a fascinar nos homens com autoridade. A minha reaccão perante eles.

Emparedada/Uit de Muur

Emparedada/Uit de Muur
Um ciclo de poemas portugueses e neerlandeses

Klompen / Socos


Klompen/ Socos

Klompen/ Socos: tamancos, chinelas de pau, tb. acto de toque fisico, agressivo, da /tua, minha/ mao na / minha, tua/ face

Klompen


Gostava de te dizer como são os meus passos que me afastam de ti.
Como não vivo para ti, nem escrevo para ti.

Como não penso no meu amor, nem te amo em pensamento.

Como não te vejo nos lugares onde nunca estivemos juntos.

Como tu não me pisas quando me obrigas a seguir os teus passos,
ou como não me calcas quando descalças os pés às leonores
que bebem da tua fonte.

Como caminho firme e confiante pelos prados holandeses, entre as vacas e a lama,
e me afasto cada vez mais de ti.

Como os meus passos se afastam dos teus passos, correndo para longe, longe,
esperando que o mundo seja realmente redondo, e não plano,
e possa, um dia, chegar às tuas costas, tapar os teus olhos e dizer-te
mijn thuisland is niet meer mijn taal.


Socos


Ik wilde je zeggen hoe mijn stappen zijn die mij van je verwijderen.

Hoe ik niet leef voor jou, niet eens schrijf voor jou.

Hoe ik niet denk aan mijn liefde en je evenmin bemin in gedachten.

Hoe ik je niet zie op de plaatsen waar we nooit samen waren.

Hoe je me niet vertrapt wanneer je me dwingt je stappen te volgen,
of hoe je me niet plet wanneer je de schoenen uittrekt
van de leonoors die drinken uit jouw bron.

Hoe ik ferm en vol vertrouwen door de Nederlandse weiden loop,
tussen koeien en modder, en me steeds verder van je verwijder.

Hoe mijn stappen zich verwijderen van jouw stappen, rennend naar de verre verten,in de hoop dat de wereld werkelijk rond is, en niet plat,
en dat ik op een dag achter je sta, mijn handen op je ogen leg en zeg
a minha pátria já não é a minha língua.


Joana Serrado, Emparedada/ Uit de Muur, Uitgeverij de Passage, 2009, p. 32, 33

A minha pátria não é a minha língua