Preciso de Flores!

Estão guardadas na Quasi


segunda-feira, 24 de setembro de 2007

As maçãs de Adão




O meu fim de semana foi, claro está, na Biblioteca, mas fui ao cinema ver As maçãs de Adão


Gostei muito, aqui está mais um exemplo de uma comédia protestante, a rivalizar com a soturnidade teológica do Bergmann (será por ser dinamarquês?). O certo é que ganhou o Prémio do Público no Festival de Cinema Fantástico de Amsterdão, e deliciou tanto - menos pela qualidade artística e mais como pegam nos clichés biblicos e protestantes, dando uma imagem positiva à vida. É despretensioso e deixa-nos com um sorriso nos lábios.

No outro dia estava tão impregnada de Protestantismo que resolvi ir assistir às Matinas do Hervormde Kerk (Igreja Reformada), na Martini kerk, mesmo em frente a minha casa. Lemos, cantamos, e sentamo-nos todos numa mesa tipo última ceia onde partilhamos um pão de forma género Bimbo e bebemos (todos) do mesmo cálice (um vinhinho doce, talvez Porto). Eu senti-me um bocado profanadora - disse logo, sou Católica, como se fosse mesmo (aliás, aqui não tenho nenhuma dúvida)- mas eles também não acreditam na transsubstanciação, portanto, lá fui eu. Todos se conheciam uns aos outros. Eu vi lá o meu Professor de Religião em Conflitos (cadeira que nunca cheguei a terminar, mas deu-me uma bibliografia interessante para a tese...Michael J. Sandel e o comunitarismo. Agora se isto tem alguma coisa a ver com Religião e Conflitos é que é mais difícil.).

No início do serviço (não é missa), um senhor veio dizer que as (poucas) flores que lá estavam seriam ofereciidas a uma determinada família. No final, pediram ajuda para arrumar a mesa. Houve peditório, mas com senhas (compravam senhas de 0,50 e depois punham num saco preto. Parece que à noite, nas vésperas, haveria mais Biblia, mas eu troquei-a por outro filme, Becoming Jane (Austen). Não me convenceu muito, porque é que uma escritora tem de ficar solteirona?

Claro, no século XIX não estava mal pensado... E aquela figura masculina, o apaixonado dela, achei-o desinteressante, e só o facto de ela gostar dele, fiquei logo com má impressão do filme. Alguma coisa estava mal (ao contrário do que aconteceu no Reino da Dinamarca, claro...)

8 comentários:

Menina Limão disse...

segui o link d'As Maçãs de Adão e reconheci logo o Mads Mikkelsen e o Nikolai Lie Kaas, os protagonistas de um bom filme dinamarquês e mórbido quanto baste, De Gronne Slagtere (Carne Fresca, Procura-se). fiquei curiosa.

Becoming Jane ainda não chegou cá.

Joana Serrado disse...

A actriz principal é parecida contigo. portanto nao te preocupes com as bochechas (é assim que se escreve?)

aqui vai o site

http://www.bvimovies.com/uk/becoming_jane/

menina tóxica disse...

aqui está um filme que quero ver. até porque gosto muito dos romances da jane.

(talvez uma herança materna. acho que aqueles romances todos me fizeram mal eheh devia ter visto o sherck, mas era. sempre mais realista.)

;)

Menina Limão disse...

oh que fofinha, tão simpática...

mas eu não consigo convencer-me...eu?? parecida com ela? bom demais =)

Joana Serrado disse...

Se calhar fui injusta com a avaliacao da Jane. Depois voces dizem-me o que acharam do filme...

Quanto `a parecen�a (������ da menina Limao com a actriz, nem estava a ser simpatica, a serio. As mulheres magrinhas, por razoes obvias, irritam-me profundamente. Mas esta tem um carisma, uma profundidade, um impacto. A beleza nao e atributo dela, � algo superior...

Menina Limão disse...

as mulheres magrinhas irritam-te profundamente (risos)

a última frase ... (ui, obrigada)

Joana Serrado disse...

é impressao minha, ou será do meu computador, que a minha mensagem ficou com uns quadradinhos? é estranho nao é? Será dos novos acentos?

Menina Limão disse...

sim, tem a ver com os acentos e as cedilhas. como se resolve e porque é que acontece é que já não sei...

Emparedada/Uit de Muur

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Um ciclo de poemas portugueses e neerlandeses

Klompen / Socos


Klompen/ Socos

Klompen/ Socos: tamancos, chinelas de pau, tb. acto de toque fisico, agressivo, da /tua, minha/ mao na / minha, tua/ face

Klompen


Gostava de te dizer como são os meus passos que me afastam de ti.
Como não vivo para ti, nem escrevo para ti.

Como não penso no meu amor, nem te amo em pensamento.

Como não te vejo nos lugares onde nunca estivemos juntos.

Como tu não me pisas quando me obrigas a seguir os teus passos,
ou como não me calcas quando descalças os pés às leonores
que bebem da tua fonte.

Como caminho firme e confiante pelos prados holandeses, entre as vacas e a lama,
e me afasto cada vez mais de ti.

Como os meus passos se afastam dos teus passos, correndo para longe, longe,
esperando que o mundo seja realmente redondo, e não plano,
e possa, um dia, chegar às tuas costas, tapar os teus olhos e dizer-te
mijn thuisland is niet meer mijn taal.


Socos


Ik wilde je zeggen hoe mijn stappen zijn die mij van je verwijderen.

Hoe ik niet leef voor jou, niet eens schrijf voor jou.

Hoe ik niet denk aan mijn liefde en je evenmin bemin in gedachten.

Hoe ik je niet zie op de plaatsen waar we nooit samen waren.

Hoe je me niet vertrapt wanneer je me dwingt je stappen te volgen,
of hoe je me niet plet wanneer je de schoenen uittrekt
van de leonoors die drinken uit jouw bron.

Hoe ik ferm en vol vertrouwen door de Nederlandse weiden loop,
tussen koeien en modder, en me steeds verder van je verwijder.

Hoe mijn stappen zich verwijderen van jouw stappen, rennend naar de verre verten,in de hoop dat de wereld werkelijk rond is, en niet plat,
en dat ik op een dag achter je sta, mijn handen op je ogen leg en zeg
a minha pátria já não é a minha língua.


Joana Serrado, Emparedada/ Uit de Muur, Uitgeverij de Passage, 2009, p. 32, 33

A minha pátria não é a minha língua