Preciso de Flores!

Estão guardadas na Quasi


quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Palermices


Já voltei. Mais feliz, claro.

Tudo o que eu profetizei na minha última mensagem aconteceu. Perdi aviões, aviões perderam-se de mim, perdi a carteira, as chaves, por acaso, ao que consta, não, porque não as levei, e tive de esperar ao pé das hortensias para que alguém me abrisse a porta.

Correu muito bem a apresentacão. Sentia que estava a trair a minha linhagem poética, mas com meia garrafa daquele tinto já tinha passado para outro nível.

O Fábio fez um brilharete com a sua exposicão: as pessoas já arrancavam as fotos e eles vendi-as. Ai a minha joaninha que voou. Os meus livros esgotaram-se. Até o que estava em cima da mesa. As pessoas deixaram palavras de alento no meu Livro de Honra. Consegui fazer dedicatórias diferentes para toda a gente. Vi a minha professora da escola primária. E....

conheci a meninalimão e a meninatangerina


Depois fomos a um sitio barulhento por a conversa em dia (de uma vida).

Temos imensos projectos. Saí de lá com um sorriso enorme.

No outro dia é que foi pior- e não consegui ir à exposicão da Poesia Anónima. Mas já vi a minha árvore... É bem mais poderosa que o poema - até fiquei chateada com a meninalimao por ela ter escolhido aquele!

De resto, parti para Palermo sem fazer a comunicacao. Levei duas malas de rodinhas e um saco da Strand cheio de livros, dossiers, anotacoes. Na segunda-feira, por intervencao divina (só pode ser!) lá fiz um texto. Apresentei-o no dia seguinte a um público frio e austero que não acreditou muita na hipótese do Mestre Eckhart ser discípulo das Beguinas, mas lá saí de cabeca erguida. (Ainda há quatro anos, estava a vender livros da univ. de Coimbra, agora já era tratada por professoressa apesar do meu aspecto duvidoso). Houve congressistas que lá nem puseram os pés.

No entanto, aprendi com a licão: congressos nunca mais. Só quando finalizar a tese. Não quero perder mais oportunidade de andar de exposicao em exposicao com os nossos citrinos, para andar a flagelar-me com a minha (pseudo) sabedoria assintotica.

Há mais no mundo alem de medievalices. Especialmente quando sao Palermas. Mas, enfim, uma candidata a poeta tem de ocupar o tempo entre o silencio e a palavra...E ganhar algum dinheirito para comprar livros e penar por eles...

PS: Será que é muito pretensioso da minha parte pôr um link de um jornal da terra com a minha apresentacão? É que está lá o vereador da cultura, tão deliciado a olhar para mim, que até dá gosto.

(Esperemos que a sua excelentissima esposa nao fique ofendida)

1 comentário:

Menina Limão disse...

ahaha, esse comentário relativo ao vereador...;)

quanto à exposição, respondo-te por mail o porquê da árvore. fico contente por teres gostado.

beijo

Emparedada/Uit de Muur

Emparedada/Uit de Muur
Um ciclo de poemas portugueses e neerlandeses

Klompen / Socos


Klompen/ Socos

Klompen/ Socos: tamancos, chinelas de pau, tb. acto de toque fisico, agressivo, da /tua, minha/ mao na / minha, tua/ face

Klompen


Gostava de te dizer como são os meus passos que me afastam de ti.
Como não vivo para ti, nem escrevo para ti.

Como não penso no meu amor, nem te amo em pensamento.

Como não te vejo nos lugares onde nunca estivemos juntos.

Como tu não me pisas quando me obrigas a seguir os teus passos,
ou como não me calcas quando descalças os pés às leonores
que bebem da tua fonte.

Como caminho firme e confiante pelos prados holandeses, entre as vacas e a lama,
e me afasto cada vez mais de ti.

Como os meus passos se afastam dos teus passos, correndo para longe, longe,
esperando que o mundo seja realmente redondo, e não plano,
e possa, um dia, chegar às tuas costas, tapar os teus olhos e dizer-te
mijn thuisland is niet meer mijn taal.


Socos


Ik wilde je zeggen hoe mijn stappen zijn die mij van je verwijderen.

Hoe ik niet leef voor jou, niet eens schrijf voor jou.

Hoe ik niet denk aan mijn liefde en je evenmin bemin in gedachten.

Hoe ik je niet zie op de plaatsen waar we nooit samen waren.

Hoe je me niet vertrapt wanneer je me dwingt je stappen te volgen,
of hoe je me niet plet wanneer je de schoenen uittrekt
van de leonoors die drinken uit jouw bron.

Hoe ik ferm en vol vertrouwen door de Nederlandse weiden loop,
tussen koeien en modder, en me steeds verder van je verwijder.

Hoe mijn stappen zich verwijderen van jouw stappen, rennend naar de verre verten,in de hoop dat de wereld werkelijk rond is, en niet plat,
en dat ik op een dag achter je sta, mijn handen op je ogen leg en zeg
a minha pátria já não é a minha língua.


Joana Serrado, Emparedada/ Uit de Muur, Uitgeverij de Passage, 2009, p. 32, 33

A minha pátria não é a minha língua