Preciso de Flores!

Estão guardadas na Quasi


quinta-feira, 29 de maio de 2008

Vodoo

às vezes pergunto-me se só tenho este blog para ver se calha algum elogio na caixa postal. E não é que tem calhado?

No entanto, às vezes também encontramos outras coisas na caixa de correio. Recebi hate mail de uma poetisa holandesa que dizia, se eu não prestasse mais atenção à qualidade do meu neerlandês quando escrevo para poetisas holandesas como ela, então o meu futuro literário holandês terminava aqui.
Ainda por cima, a senhora em questão, é sacerdotisa de vodoo.

Acho que vou pôr o e-mail dela na contracapa do livro.

Pelo menos, assim, vou ter uma recensão aniquiladora! Acham que é melhor já fazer as malas?

6 comentários:

Anónimo disse...

Rustig... Zurros de burro não chegam ao céu... Já tens uma inimiga literária de estimação para alimentar mitos e polémicas de folhetim... Agora sim, tens tudo para ganhar o Nobel. Continua a escrever.Em portugues, neerlandes, aramaico...Dá-lhe com a marreta lírica e a "excelentíssima tal senhora poetisa holandesa" que se aguente...

Abraço.

JL

Anónimo disse...

acredito que esta situação só te favorece minha amiga. quanto mais reacções despertares, mais ficas conhecida pelo que escreves :) um grande beijinho e muita força!

Anónimo disse...

quanto ao neerlandês.. não sei
mas é verdade que a menina tem um português bastante "descuidado"

Joana Serrado disse...

tem razao, senhor anonimo, agradeco-lhe o reparo. Uma das minhas motivacoes para ter um blog era exactamente para ver se me tornava mais cuidada. Tarefa dificil. Ha razoes psicoanaliticas, mas enfim, nao me protegem das criticas.
Podia-lhe dizer que iria tentar, aprimorar, mas no fundo acabaria por me esquecer das intencoes...

apenas resta-me a consolacao de que ha por ai muita prosa cuidada mas plagiada. Olhe, sou assim, o que hei-de fazer!

Mas tem razao: vou tentar, vou tentar....

Anónimo disse...

bastar-lhe-ia utilizar um corrector ortográfico
os seus erros não revelam distracção mas antes desleixo

"a ignorância é muito atrevida"...
é lamentável que se esconda atrás de justificações tristes como "Olhe, sou assim, o que hei-de fazer!"
é assim, que há-de fazer?! procurar ajuda se não consegue melhorar sozinha
faça justiça ao facto de ser considerada escritora
mostre respeito pela língua
agora não se perca nos seus comentários tolos, apenas lembre-se "bastar-lhe-ia utilizar um corrector ortográfico"

Anónimo disse...

Estou a idolatrar este blog!
Não só pelo que a autora nele publica, como também pela ponte que nos proporciona e permite ligar a outras matérias relacionadas. Já li o Tratado de Botânica. Não sou crítica, mas não é por acaso que tem sido referenciado, designadamente em escolas nacionais. Ah, tb gosto de ler as críticas mais austeras, mormente ao seu português, que à autora fazem. No entanto, afigura-se-me que este espaço ainda é (in)formal! Parabéns a todos!
Maúda

Emparedada/Uit de Muur

Emparedada/Uit de Muur
Um ciclo de poemas portugueses e neerlandeses

Klompen / Socos


Klompen/ Socos

Klompen/ Socos: tamancos, chinelas de pau, tb. acto de toque fisico, agressivo, da /tua, minha/ mao na / minha, tua/ face

Klompen


Gostava de te dizer como são os meus passos que me afastam de ti.
Como não vivo para ti, nem escrevo para ti.

Como não penso no meu amor, nem te amo em pensamento.

Como não te vejo nos lugares onde nunca estivemos juntos.

Como tu não me pisas quando me obrigas a seguir os teus passos,
ou como não me calcas quando descalças os pés às leonores
que bebem da tua fonte.

Como caminho firme e confiante pelos prados holandeses, entre as vacas e a lama,
e me afasto cada vez mais de ti.

Como os meus passos se afastam dos teus passos, correndo para longe, longe,
esperando que o mundo seja realmente redondo, e não plano,
e possa, um dia, chegar às tuas costas, tapar os teus olhos e dizer-te
mijn thuisland is niet meer mijn taal.


Socos


Ik wilde je zeggen hoe mijn stappen zijn die mij van je verwijderen.

Hoe ik niet leef voor jou, niet eens schrijf voor jou.

Hoe ik niet denk aan mijn liefde en je evenmin bemin in gedachten.

Hoe ik je niet zie op de plaatsen waar we nooit samen waren.

Hoe je me niet vertrapt wanneer je me dwingt je stappen te volgen,
of hoe je me niet plet wanneer je de schoenen uittrekt
van de leonoors die drinken uit jouw bron.

Hoe ik ferm en vol vertrouwen door de Nederlandse weiden loop,
tussen koeien en modder, en me steeds verder van je verwijder.

Hoe mijn stappen zich verwijderen van jouw stappen, rennend naar de verre verten,in de hoop dat de wereld werkelijk rond is, en niet plat,
en dat ik op een dag achter je sta, mijn handen op je ogen leg en zeg
a minha pátria já não é a minha língua.


Joana Serrado, Emparedada/ Uit de Muur, Uitgeverij de Passage, 2009, p. 32, 33

A minha pátria não é a minha língua