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Desembocam estes férreos noutro trajecto de peito que não lhe reconhece o mesmo amor. O amor é esta locomotiva espiral que comove os metais do caminho, o amor é esse vapor reatado sobre a fenda acre do papel, inscrito a carvão onde o fumo tinge o olhar de luz, escrito de negro onde o clarão cinge o corpo de cinza.
São estes os férreos transversais, desunidos do crepúsculo na reclusão das mãos, sequestrados ao pavor por devoção. Sempre esse amor ferroviário sem regresso recapitulado na pressa erguida das páginas. Sempre em branco esse sezão rubro, para que a tinta cresça como uma árvore frutada de seiva por essas mulheres alvas e desnutridas de afecto.
Desembocam os férreos díssonos e sinuosos, orvalhados de neblina no leito da sua locomoção estéril de intentos céleres. Que o amor fica sempre por coagular a perda noutro troço de brumas e sangue que nos devolva os caminhos da oração: os caminhos da crença.
Alice Turvo, Férreos Transversais
e os desastres de Sofia
(que tem muito mais piada que o mundo de Sofia)
Parabéns às duas.
1 comentário:
belíssimo texto, joana. adorei ler e fiquei curiosa sobre o livro :) um grande beijinho.
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