Preciso de Flores!

Estão guardadas na Quasi


segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Joassuaba


Joaussuba


Do que é que eu ando `a procura? De uma nova língua, sem gramática. Fazer um poema de amor em Tupi-Guarany- ah, como seria belo.
Eu acredito que um verdadeiro poema só se escreve na língua que não dominamos. A que nos seduz e nos come. Nos alimenta e devora.

Levo comigo o meu Gonçalves Dias e o seu dicionário.
Apesar de Harvard no horizonte, não sei se conseguirei voltar.

3 comentários:

jorge vicente disse...

o verdadeiro poema escreve-se na língua que não se escreve, que não diz, não fica, nada diz das plantas ou dos céus por entre os olhos.

há quem diga que essa língua existe. eu afirmo: fica sempre no local onde as palavras não ficam.

um abraço
jorge

Marta disse...

Cara Joana,

Gostaria muito de poder comprar o "Tratado de Botânica", se possível até dia 24, no entanto não tem sido fácil encontrá-lo. Alguma sugestão? Obrigada,
Marta

Joana Serrado disse...

Ola Marta
desculpe so escrever agora. Ja sei que vai tarde, mas tambem nao sei, agora que a Quasi faliu, onde se pode arranjar a Botanica ou os livros da Quasi...Mas posso manda-la por mail, em PDF, se quiser.

Emparedada/Uit de Muur

Emparedada/Uit de Muur
Um ciclo de poemas portugueses e neerlandeses

Klompen / Socos


Klompen/ Socos

Klompen/ Socos: tamancos, chinelas de pau, tb. acto de toque fisico, agressivo, da /tua, minha/ mao na / minha, tua/ face

Klompen


Gostava de te dizer como são os meus passos que me afastam de ti.
Como não vivo para ti, nem escrevo para ti.

Como não penso no meu amor, nem te amo em pensamento.

Como não te vejo nos lugares onde nunca estivemos juntos.

Como tu não me pisas quando me obrigas a seguir os teus passos,
ou como não me calcas quando descalças os pés às leonores
que bebem da tua fonte.

Como caminho firme e confiante pelos prados holandeses, entre as vacas e a lama,
e me afasto cada vez mais de ti.

Como os meus passos se afastam dos teus passos, correndo para longe, longe,
esperando que o mundo seja realmente redondo, e não plano,
e possa, um dia, chegar às tuas costas, tapar os teus olhos e dizer-te
mijn thuisland is niet meer mijn taal.


Socos


Ik wilde je zeggen hoe mijn stappen zijn die mij van je verwijderen.

Hoe ik niet leef voor jou, niet eens schrijf voor jou.

Hoe ik niet denk aan mijn liefde en je evenmin bemin in gedachten.

Hoe ik je niet zie op de plaatsen waar we nooit samen waren.

Hoe je me niet vertrapt wanneer je me dwingt je stappen te volgen,
of hoe je me niet plet wanneer je de schoenen uittrekt
van de leonoors die drinken uit jouw bron.

Hoe ik ferm en vol vertrouwen door de Nederlandse weiden loop,
tussen koeien en modder, en me steeds verder van je verwijder.

Hoe mijn stappen zich verwijderen van jouw stappen, rennend naar de verre verten,in de hoop dat de wereld werkelijk rond is, en niet plat,
en dat ik op een dag achter je sta, mijn handen op je ogen leg en zeg
a minha pátria já não é a minha língua.


Joana Serrado, Emparedada/ Uit de Muur, Uitgeverij de Passage, 2009, p. 32, 33

A minha pátria não é a minha língua