tu não és tu pois não? (os maus cristãos)
quem sou senão quem posso ser
quem posso ser senão o que querem que eu seja
que querem que eu seja senão o que todos são
que todos são senão o que não são
que não são senão o que queriam ser
que queriam ser senão quem são
quem são senão quem não são
quem sou senão quem não sou
q.e.d.
quem é aquela de espinha torta
que abaixa o olhar submisso
mas lá fora é fria que corta
divide fere e nem dá por isso
quem é aquela tão bacoca
que ampara o santo pão
mas quando o leva à boca
revela língua suave de vilão
quem é aquela tão recatada
que no olhar só traz candura
mas no quarto acompanhada
se profana vende e desfigura
quem é aquele que é sorrisos
dentes brancos e afectos
mas que morde até aos sisos
as costas e enche os rectos
quem é aquele que é moral
exemplo firme de rectidão
mas que mente e diz mal
de tudo e de todos podridão
quem é aquela que trabalha
passa as horas aqui metida
mas as outras abrutalha
levando a vida abscedida
quem é aquele que tão bom
faz da vida partilha capital
mas que esconde no coraçom
passado escuro e mortal
quem é o gordo rosado senhor
que enche o prato da esmola
mas que de todos tem penhor
e diz que mata e diz que esfola
quem é o que conduz a função
prega o amor divino e a virtude
mas emprenha de empurrão
a criadita mais pobre e rude
quem é o que bate no peito
herói valente puro e paladino
mas ao espelho não tem jeito
pois vê apenas um cretino
quem é aquela que ao colo
traz os seus filhos pequenitos
mas a outras fez grande dolo
matando-lhes os pardalitos
quem é o que proclama
que a esposa é sua rainha
mas longe deitado derrama
o seu adn pela palhinha
são estes os maus cristãos
mas muitos outros haverão
se têm o mundo nas mãos
como inverter a situação?
mas
quem poderá por bem dizer
quem ali vai é mau cristão
pois por que se arrepender
cheio está nosso coração
(Um/O) Vampiro chamado Pedro Azevedo
quinta-feira, 17 de abril de 2008
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Emparedada/Uit de Muur
Klompen / Socos
Klompen/ Socos
Klompen/ Socos: tamancos, chinelas de pau, tb. acto de toque fisico, agressivo, da /tua, minha/ mao na / minha, tua/ face
Klompen
Gostava de te dizer como são os meus passos que me afastam de ti.
Como não vivo para ti, nem escrevo para ti.
Como não penso no meu amor, nem te amo em pensamento.
Como não te vejo nos lugares onde nunca estivemos juntos.
Como tu não me pisas quando me obrigas a seguir os teus passos,
ou como não me calcas quando descalças os pés às leonores
que bebem da tua fonte.
Como caminho firme e confiante pelos prados holandeses, entre as vacas e a lama,
e me afasto cada vez mais de ti.
Como os meus passos se afastam dos teus passos, correndo para longe, longe,
esperando que o mundo seja realmente redondo, e não plano,
e possa, um dia, chegar às tuas costas, tapar os teus olhos e dizer-te
mijn thuisland is niet meer mijn taal.
Socos
Ik wilde je zeggen hoe mijn stappen zijn die mij van je verwijderen.
Hoe ik niet leef voor jou, niet eens schrijf voor jou.
Hoe ik niet denk aan mijn liefde en je evenmin bemin in gedachten.
Hoe ik je niet zie op de plaatsen waar we nooit samen waren.
Hoe je me niet vertrapt wanneer je me dwingt je stappen te volgen,
of hoe je me niet plet wanneer je de schoenen uittrekt
van de leonoors die drinken uit jouw bron.
Hoe ik ferm en vol vertrouwen door de Nederlandse weiden loop,
tussen koeien en modder, en me steeds verder van je verwijder.
Hoe mijn stappen zich verwijderen van jouw stappen, rennend naar de verre verten,in de hoop dat de wereld werkelijk rond is, en niet plat,
en dat ik op een dag achter je sta, mijn handen op je ogen leg en zeg
a minha pátria já não é a minha língua.
Joana Serrado, Emparedada/ Uit de Muur, Uitgeverij de Passage, 2009, p. 32, 33
Klompen
Gostava de te dizer como são os meus passos que me afastam de ti.
Como não vivo para ti, nem escrevo para ti.
Como não penso no meu amor, nem te amo em pensamento.
Como não te vejo nos lugares onde nunca estivemos juntos.
Como tu não me pisas quando me obrigas a seguir os teus passos,
ou como não me calcas quando descalças os pés às leonores
que bebem da tua fonte.
Como caminho firme e confiante pelos prados holandeses, entre as vacas e a lama,
e me afasto cada vez mais de ti.
Como os meus passos se afastam dos teus passos, correndo para longe, longe,
esperando que o mundo seja realmente redondo, e não plano,
e possa, um dia, chegar às tuas costas, tapar os teus olhos e dizer-te
mijn thuisland is niet meer mijn taal.
Socos
Ik wilde je zeggen hoe mijn stappen zijn die mij van je verwijderen.
Hoe ik niet leef voor jou, niet eens schrijf voor jou.
Hoe ik niet denk aan mijn liefde en je evenmin bemin in gedachten.
Hoe ik je niet zie op de plaatsen waar we nooit samen waren.
Hoe je me niet vertrapt wanneer je me dwingt je stappen te volgen,
of hoe je me niet plet wanneer je de schoenen uittrekt
van de leonoors die drinken uit jouw bron.
Hoe ik ferm en vol vertrouwen door de Nederlandse weiden loop,
tussen koeien en modder, en me steeds verder van je verwijder.
Hoe mijn stappen zich verwijderen van jouw stappen, rennend naar de verre verten,in de hoop dat de wereld werkelijk rond is, en niet plat,
en dat ik op een dag achter je sta, mijn handen op je ogen leg en zeg
a minha pátria já não é a minha língua.
Joana Serrado, Emparedada/ Uit de Muur, Uitgeverij de Passage, 2009, p. 32, 33
A minha pátria não é a minha língua
In Nederland wil ik sterven,
En in de natte grond bederven
Joana Slauerhoff
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