Preciso de Flores!

Estão guardadas na Quasi


terça-feira, 10 de julho de 2007

Limão, fruto desconhecido mas doce

Foi uma limão, uma menina (em flor de) limão a causadora da minha entrada neste mundo desconhecido. Claro que eu busco as 250 pessoas que leram o meu livro (os meus leitores- que magnífico possessivo). Mas foi num blog que me redescobri: a minha leitora, fruto amargo e desconhecido, que comigo partilha uma biografia errante entre as cidades que ( e não onde) escrevo. Aveiro, onde secretamente nasci; Coimbra, minha naturalidade oficial e estudiosa; Porto, cidade que amo.Ando há 5 anos a escrever um poema sobre o Porto e não consigo terminar. É isso que me faz acordar todas as manhãs: "pode ser que seja hoje". Pode ser que tu, limão, já que me entregaste as tuas costas, me dês também o final da minha epopeia.

Preciso tanto de ti, menina limão, e de outros frutos leitores deconhecidos. Não são os vossos aplausos, ou palavras eruditas de pessoas sonantes nos circuitos oficiais, mas sim, saber que alguém, totalmente desconhecida, leu o meu livro. O nosso livro. Um leitor, leitora que, como eu, vê, lê Fassbinder e me conduzirá a mim, agora leitora, a outros autores, a outros caminhos , mas sempre escritos com o mesmo sangue.

Onde começa a leitora e acaba a autora? Como se escreve a leitura do mundo?


Para ti menina limão, escrevo este blog.

meninalimao.blogspot.com


3 comentários:

Menina Limão disse...

Joana,

(...)

tal como não estava à espera de me teres deixado aquele primeiro comentário no blog, também não estava à espera desta resposta em forma de post. tão bonito.

não quero dizer clichés. acho que te respondi convenientemente, na minha casa.

se precisares de alguma ajuda relativamente ao blog, avisa. escreve-me um mail. o teu não está disponível, creio ser um erro qualquer.

ah, esqueci-me de dizer que nasci no Porto e estudei em Aveiro. a minha relação com Coimbra é muito forte, emocionalmente, mas eu mal a conheço e raramente lá vou. espero poder explicar-te melhor esta questão por mail, se isso se proporcionar.


um beijo enorme.

Don KeyShot disse...

E o livro esta publicado na Holanda?

De referir que me esbarrei com este blog via um Fluxo que me dirigiu contra um Cadilac Obsceno com cheiro a Limão...

Joana Serrado disse...

Dag, Don Keyshot...

Welkom aan mijn Garten!
Helaas is mijn boek nog niet vertaald. Ik heb vaak probeert mijn nederlands docent en nederlands vertaler Arie Pos omtekopen... maar hij zegt dat ik moet wel meer en beter nederlands te leren bevor hij doet de vertaling!

Ik ben nu benieuwd om naar jou site te gaan naar molen zoeken.

Tot ziens

Emparedada/Uit de Muur

Emparedada/Uit de Muur
Um ciclo de poemas portugueses e neerlandeses

Klompen / Socos


Klompen/ Socos

Klompen/ Socos: tamancos, chinelas de pau, tb. acto de toque fisico, agressivo, da /tua, minha/ mao na / minha, tua/ face

Klompen


Gostava de te dizer como são os meus passos que me afastam de ti.
Como não vivo para ti, nem escrevo para ti.

Como não penso no meu amor, nem te amo em pensamento.

Como não te vejo nos lugares onde nunca estivemos juntos.

Como tu não me pisas quando me obrigas a seguir os teus passos,
ou como não me calcas quando descalças os pés às leonores
que bebem da tua fonte.

Como caminho firme e confiante pelos prados holandeses, entre as vacas e a lama,
e me afasto cada vez mais de ti.

Como os meus passos se afastam dos teus passos, correndo para longe, longe,
esperando que o mundo seja realmente redondo, e não plano,
e possa, um dia, chegar às tuas costas, tapar os teus olhos e dizer-te
mijn thuisland is niet meer mijn taal.


Socos


Ik wilde je zeggen hoe mijn stappen zijn die mij van je verwijderen.

Hoe ik niet leef voor jou, niet eens schrijf voor jou.

Hoe ik niet denk aan mijn liefde en je evenmin bemin in gedachten.

Hoe ik je niet zie op de plaatsen waar we nooit samen waren.

Hoe je me niet vertrapt wanneer je me dwingt je stappen te volgen,
of hoe je me niet plet wanneer je de schoenen uittrekt
van de leonoors die drinken uit jouw bron.

Hoe ik ferm en vol vertrouwen door de Nederlandse weiden loop,
tussen koeien en modder, en me steeds verder van je verwijder.

Hoe mijn stappen zich verwijderen van jouw stappen, rennend naar de verre verten,in de hoop dat de wereld werkelijk rond is, en niet plat,
en dat ik op een dag achter je sta, mijn handen op je ogen leg en zeg
a minha pátria já não é a minha língua.


Joana Serrado, Emparedada/ Uit de Muur, Uitgeverij de Passage, 2009, p. 32, 33

A minha pátria não é a minha língua