O inconveniente de viver no norte da Holanda é usar o casaco do Inverno (português) ainda em Agosto.
quarta-feira, 29 de agosto de 2007
Vergeet niet wat/ Não te esqueças
Vergeet niet wat
de muis je heeft geleerd:
de dag is niet
zo zeker als je dacht
en Veilig is
de vornaam van de nacht.
Theo van Baaren
Não te esqueças
do que o rato te ensinou:
o dia não é
tão certo como pensavas
e Segura
é o nome próprio da noite.
Gosto de pensar que vim para Groningen por causa de Theo van Baaren, o único (!) poeta surrealista neerlandês e professor (e espírito) da Faculdade onde eu trabalho (?) como teóloga profissional.
Mas na realidade, só soube da existência de Theo van Baaren através de Arie Pos, neerlandicus e tradutor dos Lusíadas e outras epopeias lusitanas, depois de ter escolhido Groningen. Ou melhor, perguntei-lhe assim: e se fosse Groningen? (Em oposição à Biblioteca Geral de Coimbra). E ele falou-me em Theo van Baaren. Mas sinto que fiz a escolha certa por causa dele. Groningen é agora o meu Porto.
Para a semana, homens de gravata vão pendurar o seu retrato na sala imponente, junto à Rainha. Como ele rir-se-ia.
Fiquei muito feliz que a menina limão tenha voltado ao rosa. Assim o mundo faz mais sentido.
segunda-feira, 13 de agosto de 2007
Corrigenda
http://stcp.fotopic.net/p43923558.html
Quero um erro de gramática que refaça
na metade luminosa o poema do mundo,
e que Deus mantenha oculto
na metade nocturna o erro do erro:
alta voltagem do ouro,bafo no rosto.
Herberto Helder
Felizmente a minha mãe lê este blog e manda sms a avisar-me. Os meus erros são constantes e ortográficos. Mas estes, infelizmente, não refazem o mundo. Só me tornam mais distante da vida.
Hoje quase apanhei o Autocarro 703 para os Sonhos
sábado, 11 de agosto de 2007
Vou Partir, vou Voltar
http://www.trekearth.com/gallery/Europe/Netherlands/North/Groningen/photo476049.htm
Theo van Baaren uit: Trommels van marmer Meulenhoff, Amsterdam, 1986
MOZART moet je in september spelen
in het voorgevoel van herfst en winter.
Het is nog warm en zonnig in de tuin
nog vol van bloemen die insekten lokken,
maar de nachten zijn allang gaan lengen
en het eerste blad begint te kleuren,
al staat de kamperfoelie (tweede bloei)
nog bedwelmend in de haag te geuren.
Mozart moet je in september spelen
(het klinkt naar lente, maar het is al herfst):
uitbundigheid, het voorspel van de vorst.
Geen maand is zo vol schoonheid als september,
maar het is glorie die zijn eind verwacht:
uit morgennevel wordt nog zon geboren,
maar wat er binnenkort staat te gebeuren
kun je 's avonds in de wind al horen.
Theo van Baaren uit: Trommels van marmer Meulenhoff, Amsterdam, 1986
terça-feira, 7 de agosto de 2007
Os dedos (teus)
Sapatinhos: Da família das Escrofulariáceas. Cada sapatinho para cada teu dedinho. Apresentam folhas simples, inteiras, Conto-os devagarinho. muitas vezes lanceoladas, sem estipulas, São dez dedinhos. flores hermafroditas Cada um calçado com um sapatinho. e zigomorfas Chucho os teus dez dedinhos devagarinho. com folhas dentadas.
(Completar com uma citação desconhecida de Pitágoras ).
(Completar com uma citação desconhecida de Pitágoras ).
Joana Serrado, Tratado de Botânica, Quasi Edições , 2006.
Os dedos (delas)
XIV
Os Dedos
Uma a uma o amante irá sorver
(fitando-a nos olhos para ver o que há-de vir)
todas as gotas despertadas pelos ventos
e recolhidas no delta pelos dedos dela
ritmados, comprazida, mergulhados
são dez as fontes
e quando ao dobro se cruzarem
atando-se um ao outro
consomem-se nos fogos
pelos dedos abrasados
Os Dedos
Uma a uma o amante irá sorver
(fitando-a nos olhos para ver o que há-de vir)
todas as gotas despertadas pelos ventos
e recolhidas no delta pelos dedos dela
ritmados, comprazida, mergulhados
são dez as fontes
e quando ao dobro se cruzarem
atando-se um ao outro
consomem-se nos fogos
pelos dedos abrasados
A.S., Tratado de Anatomia - Erotografias.
domingo, 5 de agosto de 2007
sábado, 4 de agosto de 2007
Emanha
A Emanha, que na língua nacional nharea significa "pedra", produz ladrilho de granito para cobertura de pisos e revestimento de paredes inferiores e exteriores.
Anteontem estive na Emanha. Junto de Senhores Fantasmas. Não ousei falar. Não podia. Troquei a minha Botânica por uma aguarela de ondas azuis. Vou pendurá-la no meu quarto, que é verde. À espera que o mar fantástico traga, de volta, a minha poesia. À tua espera.
quinta-feira, 2 de agosto de 2007
Chlorine
have you any idea what goes into water?
I have verified the calibration records
have you monitered for colour and turbidity?
[...]
I added extra chlorine
have you countervailed against decay?
have you created for us a feeling of relative
invulnerability?
Alice Oswald, Dart, Faber and Faber, 25-26
obrigada por me dares a conhecer Alice Oswald, por me conduzires das rectilineas ruas de N.Y.
à tremenda espiral da poesia . agradeço-te também a hiperbólica comparação.... Fiquei feliz, mesmo sabendo-me iludida.
I have verified the calibration records
have you monitered for colour and turbidity?
[...]
I added extra chlorine
have you countervailed against decay?
have you created for us a feeling of relative
invulnerability?
Alice Oswald, Dart, Faber and Faber, 25-26
obrigada por me dares a conhecer Alice Oswald, por me conduzires das rectilineas ruas de N.Y.
à tremenda espiral da poesia . agradeço-te também a hiperbólica comparação.... Fiquei feliz, mesmo sabendo-me iludida.
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Emparedada/Uit de Muur
Klompen / Socos
Klompen/ Socos
Klompen/ Socos: tamancos, chinelas de pau, tb. acto de toque fisico, agressivo, da /tua, minha/ mao na / minha, tua/ face
Klompen
Gostava de te dizer como são os meus passos que me afastam de ti.
Como não vivo para ti, nem escrevo para ti.
Como não penso no meu amor, nem te amo em pensamento.
Como não te vejo nos lugares onde nunca estivemos juntos.
Como tu não me pisas quando me obrigas a seguir os teus passos,
ou como não me calcas quando descalças os pés às leonores
que bebem da tua fonte.
Como caminho firme e confiante pelos prados holandeses, entre as vacas e a lama,
e me afasto cada vez mais de ti.
Como os meus passos se afastam dos teus passos, correndo para longe, longe,
esperando que o mundo seja realmente redondo, e não plano,
e possa, um dia, chegar às tuas costas, tapar os teus olhos e dizer-te
mijn thuisland is niet meer mijn taal.
Socos
Ik wilde je zeggen hoe mijn stappen zijn die mij van je verwijderen.
Hoe ik niet leef voor jou, niet eens schrijf voor jou.
Hoe ik niet denk aan mijn liefde en je evenmin bemin in gedachten.
Hoe ik je niet zie op de plaatsen waar we nooit samen waren.
Hoe je me niet vertrapt wanneer je me dwingt je stappen te volgen,
of hoe je me niet plet wanneer je de schoenen uittrekt
van de leonoors die drinken uit jouw bron.
Hoe ik ferm en vol vertrouwen door de Nederlandse weiden loop,
tussen koeien en modder, en me steeds verder van je verwijder.
Hoe mijn stappen zich verwijderen van jouw stappen, rennend naar de verre verten,in de hoop dat de wereld werkelijk rond is, en niet plat,
en dat ik op een dag achter je sta, mijn handen op je ogen leg en zeg
a minha pátria já não é a minha língua.
Joana Serrado, Emparedada/ Uit de Muur, Uitgeverij de Passage, 2009, p. 32, 33
Klompen
Gostava de te dizer como são os meus passos que me afastam de ti.
Como não vivo para ti, nem escrevo para ti.
Como não penso no meu amor, nem te amo em pensamento.
Como não te vejo nos lugares onde nunca estivemos juntos.
Como tu não me pisas quando me obrigas a seguir os teus passos,
ou como não me calcas quando descalças os pés às leonores
que bebem da tua fonte.
Como caminho firme e confiante pelos prados holandeses, entre as vacas e a lama,
e me afasto cada vez mais de ti.
Como os meus passos se afastam dos teus passos, correndo para longe, longe,
esperando que o mundo seja realmente redondo, e não plano,
e possa, um dia, chegar às tuas costas, tapar os teus olhos e dizer-te
mijn thuisland is niet meer mijn taal.
Socos
Ik wilde je zeggen hoe mijn stappen zijn die mij van je verwijderen.
Hoe ik niet leef voor jou, niet eens schrijf voor jou.
Hoe ik niet denk aan mijn liefde en je evenmin bemin in gedachten.
Hoe ik je niet zie op de plaatsen waar we nooit samen waren.
Hoe je me niet vertrapt wanneer je me dwingt je stappen te volgen,
of hoe je me niet plet wanneer je de schoenen uittrekt
van de leonoors die drinken uit jouw bron.
Hoe ik ferm en vol vertrouwen door de Nederlandse weiden loop,
tussen koeien en modder, en me steeds verder van je verwijder.
Hoe mijn stappen zich verwijderen van jouw stappen, rennend naar de verre verten,in de hoop dat de wereld werkelijk rond is, en niet plat,
en dat ik op een dag achter je sta, mijn handen op je ogen leg en zeg
a minha pátria já não é a minha língua.
Joana Serrado, Emparedada/ Uit de Muur, Uitgeverij de Passage, 2009, p. 32, 33
A minha pátria não é a minha língua
In Nederland wil ik sterven,
En in de natte grond bederven
Joana Slauerhoff