Preciso de Flores!

Estão guardadas na Quasi


terça-feira, 7 de agosto de 2007

Os dedos (teus)


Sapatinhos: Da família das Escrofulariáceas. Cada sapatinho para cada teu dedinho. Apresentam folhas simples, inteiras, Conto-os devagarinho. muitas vezes lanceoladas, sem estipulas, São dez dedinhos. flores hermafroditas Cada um calçado com um sapatinho. e zigomorfas Chucho os teus dez dedinhos devagarinho. com folhas dentadas.
(Completar com uma citação desconhecida de Pitágoras ).


Joana Serrado, Tratado de Botânica, Quasi Edições , 2006.

4 comentários:

Luis F. Cristóvão disse...

já espreitei para dentro do teu livro numa livraria, quando ele saiu.

gostei dos poemas que li mas a voragem do tempo levou-me para outras paragens.

vou voltar a ele com mais atenção.

estarei por aqui.

MR disse...

falei-te na vizinhança vegetal da tua poesia com a do Jorge Sousa Braga... vegetal e harmónica, habito-a como quem respira Maios na serra ou canta cruzando a voz entre o coração e a lua... digo-o fazendo jus à verdade, ao desespero, à cegueira, à peregrinação interminável das gemas no sentido da luz...

Joana Serrado disse...

E engracado, cruelmente engracado, que seja um (outro) Mario a procurar
os (teus) dedos...

Obrigada. Ainda nao tive a serenidade para me encontrar poeticamente como
Jorge Souza Braga, mas fa-lo-ei num sitio bonito desta Cidade outonada.

Obrigada pela forca que transmites

Joana

Luis F. Cristóvão disse...

queria propor-te um projecto eminentemente social.

a troca por via postal do teu tratado de botânica por um dos meus (à escolha: registo de nascimentos, pequena antologia para o corpo, e como ficou chato ser moderno)

espero e-mail para iniciar transacção

Emparedada/Uit de Muur

Emparedada/Uit de Muur
Um ciclo de poemas portugueses e neerlandeses

Klompen / Socos


Klompen/ Socos

Klompen/ Socos: tamancos, chinelas de pau, tb. acto de toque fisico, agressivo, da /tua, minha/ mao na / minha, tua/ face

Klompen


Gostava de te dizer como são os meus passos que me afastam de ti.
Como não vivo para ti, nem escrevo para ti.

Como não penso no meu amor, nem te amo em pensamento.

Como não te vejo nos lugares onde nunca estivemos juntos.

Como tu não me pisas quando me obrigas a seguir os teus passos,
ou como não me calcas quando descalças os pés às leonores
que bebem da tua fonte.

Como caminho firme e confiante pelos prados holandeses, entre as vacas e a lama,
e me afasto cada vez mais de ti.

Como os meus passos se afastam dos teus passos, correndo para longe, longe,
esperando que o mundo seja realmente redondo, e não plano,
e possa, um dia, chegar às tuas costas, tapar os teus olhos e dizer-te
mijn thuisland is niet meer mijn taal.


Socos


Ik wilde je zeggen hoe mijn stappen zijn die mij van je verwijderen.

Hoe ik niet leef voor jou, niet eens schrijf voor jou.

Hoe ik niet denk aan mijn liefde en je evenmin bemin in gedachten.

Hoe ik je niet zie op de plaatsen waar we nooit samen waren.

Hoe je me niet vertrapt wanneer je me dwingt je stappen te volgen,
of hoe je me niet plet wanneer je de schoenen uittrekt
van de leonoors die drinken uit jouw bron.

Hoe ik ferm en vol vertrouwen door de Nederlandse weiden loop,
tussen koeien en modder, en me steeds verder van je verwijder.

Hoe mijn stappen zich verwijderen van jouw stappen, rennend naar de verre verten,in de hoop dat de wereld werkelijk rond is, en niet plat,
en dat ik op een dag achter je sta, mijn handen op je ogen leg en zeg
a minha pátria já não é a minha língua.


Joana Serrado, Emparedada/ Uit de Muur, Uitgeverij de Passage, 2009, p. 32, 33

A minha pátria não é a minha língua