Preciso de Flores!

Estão guardadas na Quasi


terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Olá

tenho estado doente, depois tive de fazer um capítulo da minha tese, depois li um texto do Miguel Marques, depois tive uma epifania no Museu da biblia, depois declamei poemas com Rutger Kopland, depois perdi uma lente de contacto e voltei aos óculos escuros, depois sonhei com o Ninguém, que tinha um grande bigode daqueles que faz duas espirais nos cantos, depois veio uma grande saudade da Salomé e do happyandbleeding, depois fiz um poema para a Menina Citroën, depois vi que já estava na casa da Menina Rabanete, depois andei à procura dos livros que io Emílio Augusto descobriu para a minha tese, depois não os encontrei, depois achei que era uma grande parva - sim, acho que ainda continuo a achar- especialmente hoje que me esqueci da minha aula mensal em Utrecht, e depois...

só sei que vou voltar para Portugal, de dia 15 a dia 20. Podiamos combinar qualquer coisa, não sei. Eu já não vejo o meu telemóvel há muito tempo, mas há sempre o e-mail. Se eu não ficar parva de todo, claro, até lá.

Emparedada/Uit de Muur

Emparedada/Uit de Muur
Um ciclo de poemas portugueses e neerlandeses

Klompen / Socos


Klompen/ Socos

Klompen/ Socos: tamancos, chinelas de pau, tb. acto de toque fisico, agressivo, da /tua, minha/ mao na / minha, tua/ face

Klompen


Gostava de te dizer como são os meus passos que me afastam de ti.
Como não vivo para ti, nem escrevo para ti.

Como não penso no meu amor, nem te amo em pensamento.

Como não te vejo nos lugares onde nunca estivemos juntos.

Como tu não me pisas quando me obrigas a seguir os teus passos,
ou como não me calcas quando descalças os pés às leonores
que bebem da tua fonte.

Como caminho firme e confiante pelos prados holandeses, entre as vacas e a lama,
e me afasto cada vez mais de ti.

Como os meus passos se afastam dos teus passos, correndo para longe, longe,
esperando que o mundo seja realmente redondo, e não plano,
e possa, um dia, chegar às tuas costas, tapar os teus olhos e dizer-te
mijn thuisland is niet meer mijn taal.


Socos


Ik wilde je zeggen hoe mijn stappen zijn die mij van je verwijderen.

Hoe ik niet leef voor jou, niet eens schrijf voor jou.

Hoe ik niet denk aan mijn liefde en je evenmin bemin in gedachten.

Hoe ik je niet zie op de plaatsen waar we nooit samen waren.

Hoe je me niet vertrapt wanneer je me dwingt je stappen te volgen,
of hoe je me niet plet wanneer je de schoenen uittrekt
van de leonoors die drinken uit jouw bron.

Hoe ik ferm en vol vertrouwen door de Nederlandse weiden loop,
tussen koeien en modder, en me steeds verder van je verwijder.

Hoe mijn stappen zich verwijderen van jouw stappen, rennend naar de verre verten,in de hoop dat de wereld werkelijk rond is, en niet plat,
en dat ik op een dag achter je sta, mijn handen op je ogen leg en zeg
a minha pátria já não é a minha língua.


Joana Serrado, Emparedada/ Uit de Muur, Uitgeverij de Passage, 2009, p. 32, 33

A minha pátria não é a minha língua