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a janela portuguesa
Das janelas calafetadas ( Over de afgedichte ramen, vertaald door Arie Pos
Na tua casa todas as janelas são calafetadas.
Têm fitas adesivas
siliconizadas
para reduzir o coeficiente de atrito
de tracção
Fecham sem deixar abrir a janela.
Mesmo assim
quando chove
os caracóis marcham deslizando suavemente pelos vidros.
Deixam uma caligrafia viscosa que me arrepia.
- Grito
horrorizam-me os caracóis.
Eles assustam-se
recolhem os seus pauzinhos
estagnando na tua vidraça calafetada.
O seu rasto viscoso permanece nos vidros da tua janela
nas madeiras envernizadas
nas carpetes densas
nos meus pés nus
no meu pescoço
E eu grito
os vidros racham-se.
E eu grito
porque sinto o caracol no meu pescoço,
a subir pela nuca
deixando o seu rasto viscoso
no meu pescoco.
Tu apaziguas-me
dizendo que as janelas estão calafetadas
siliconizadas
os caracóis amedrontados
e o rasto viscoso é apenas o da tua língua
no meu pescoco.
De como as tuas janelas calafetadas não me protegem de arrepios.
in Joana Serrado, Emparedada Uit de Muur Hendrik de Vriesstipendium 2008
6 comentários:
1.
há metáforas assim
feitas de uma a-versão aos gastrópodes do desejo nos corpos transparentes de tão cerrados.
2.
e de atracão lascivo
à atracção do chamamento ou diálogo dos que se solicitam
de permeio uma detracção e/ou rumor que é calúnia
epilogada em premente re-trair ou forma de puxar para trás e evitar a libertação.
3.
saudação à porta do templo, in-desejado limiar da transgressão, pelo kundera apodada de "sair da fila"... local do risco, queima-pés de santa, revelação da vertigem. a-linearidade; ruptura da norma.
zizaneira a luz que Te esplende não anui a meu rogo.
em balde cerro cesso o olhar no olhar baixado.
enfim... corro a cor no caracol doirado.
nota: (in brevitas, setº de 2007)
adenda:(a propósito de caracóis)
... e juro que parei!
Obrigada, mais uma vez, pelos po�ticops coment�rios. Gostei muito da ma�aneta de Setembro. S�o t�o belas as ma�anetas...
http://parecepouco.blogspot.com/
ola joana
estou de volta aos blogues de poesia
neste vou postar todo o meu trabalho desde 1995
Acabei de assistir a uma sessão de declamação, numa radio portuguesa, dos teus poemas do Tratado de Botânica. Leitura de palavras sedutoras nos intervalos de músicas belíssimas... Parabéns!
Maria Mauda
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