Preciso de Flores!

Estão guardadas na Quasi


domingo, 28 de outubro de 2007

Open-Podium

parece que a moda veio da América, mas, na realidade, o que se juntou no café
Pauze
na quinta-feira passada, não foi simplesmente uma moda. Foi uma tertúlia, ou melhor, uma declamação livre de poemas...

Cada um que quisesse declamava. Eu, que tinha entrado lá por acaso, para fazer tempo, fiquei deliciada.

Velhotes com as suas edições de autor, um travesti cinquentão, poetas a declamarem em groninguês, e, para não faltar, uma portuguesa desterrada, com uma pronúncia horrivel (mas que aqui é considerada charmant), também deu o seu contributo - das janelas fechadas (over de afgedichte ramen). Para a próxima estou obrigada a declamar em português e neerlandês.

Cada 4a quinta-feira do mês. O evento chama-se Luister! (Ouve!)

1 comentário:

Menina Limão disse...

o que quer dizer que estás em casa. :)

Emparedada/Uit de Muur

Emparedada/Uit de Muur
Um ciclo de poemas portugueses e neerlandeses

Klompen / Socos


Klompen/ Socos

Klompen/ Socos: tamancos, chinelas de pau, tb. acto de toque fisico, agressivo, da /tua, minha/ mao na / minha, tua/ face

Klompen


Gostava de te dizer como são os meus passos que me afastam de ti.
Como não vivo para ti, nem escrevo para ti.

Como não penso no meu amor, nem te amo em pensamento.

Como não te vejo nos lugares onde nunca estivemos juntos.

Como tu não me pisas quando me obrigas a seguir os teus passos,
ou como não me calcas quando descalças os pés às leonores
que bebem da tua fonte.

Como caminho firme e confiante pelos prados holandeses, entre as vacas e a lama,
e me afasto cada vez mais de ti.

Como os meus passos se afastam dos teus passos, correndo para longe, longe,
esperando que o mundo seja realmente redondo, e não plano,
e possa, um dia, chegar às tuas costas, tapar os teus olhos e dizer-te
mijn thuisland is niet meer mijn taal.


Socos


Ik wilde je zeggen hoe mijn stappen zijn die mij van je verwijderen.

Hoe ik niet leef voor jou, niet eens schrijf voor jou.

Hoe ik niet denk aan mijn liefde en je evenmin bemin in gedachten.

Hoe ik je niet zie op de plaatsen waar we nooit samen waren.

Hoe je me niet vertrapt wanneer je me dwingt je stappen te volgen,
of hoe je me niet plet wanneer je de schoenen uittrekt
van de leonoors die drinken uit jouw bron.

Hoe ik ferm en vol vertrouwen door de Nederlandse weiden loop,
tussen koeien en modder, en me steeds verder van je verwijder.

Hoe mijn stappen zich verwijderen van jouw stappen, rennend naar de verre verten,in de hoop dat de wereld werkelijk rond is, en niet plat,
en dat ik op een dag achter je sta, mijn handen op je ogen leg en zeg
a minha pátria já não é a minha língua.


Joana Serrado, Emparedada/ Uit de Muur, Uitgeverij de Passage, 2009, p. 32, 33

A minha pátria não é a minha língua