Primeiro (In principium erat verbum) ou uma miragem junto ao rio. Era só mesmo uma miragem- mas felizmento o desidério nao murchou...
Depois foi a menina limao. Eu mandei um postal para a menina limao, escrito a cor de rosa, com uma tinta que só os limoes sabem ler, a convida-la para dar sumo `a minha vida. Eu queria mesmo encontrar a doçura no nome dela. Se encontro nas Azedas, entao nos Limoes nao seria tao dificil...
Ela disse que sim, e entramos nas adegas (atencao aos fariseus da noite, isto é uma referencia biblica,Cant. 2:4), de mao dada, pela luz. E tudo estaria bem, se a menina limao nao quisesse agora riscar, rasgar, cortar a passagem dela na minha vida. Ela pede-me que eu a retire do meu (que ja nao é meu, ja é de todos) daquele poema. Como é que eu posso, resignadamente, retirar um fruto `a minha Botanica? E a menina Tangerina, do Sindicato dos Citrinos, apoia esta decisao, ou melhor, esta cisao.
Nao pode ser, menina limao, nao posso retirar um verso ao meu poema, uma cena tao importante da minha vida. Minha que se torna nossa vida. Ai é que esta a questao. A menina limao tem direito `a sua vida, das maneiras que ela quiser ressuscitar. E para isso, tenho eu de a retirar do meu poema? Se fosse apenas da minha vida, eu aguentava, mas do meu poema, do poema ao qual eu própria sou submissa? Que nos uniu e agora nos separa?
Citroen (sim, agora és o citroen, o carro-limao, pois ela agora já nem me trata por joaninha nos mails...)
Menina Limao. Algures houvera falado da Ana Luisa Amaral, da P.D. James e da relaçao do poema com o crime, e parece agora que me deparo com um caso prático, um caso laboratorial, em que eu cientista poeta tenho de deliberar o veredicto e inocentar o resto do mundo. Eu quero-te no meu poema, na minha vida. (Minha Deusa, nunca cheguei a estes termos com os namorados, e agora estou a falar isto para um fruto!). Nao te quero retirar das fotografias, como Estaline fazia com as suas lembranças de um pretérito mais-que perfeito nunca conjugado.
Quero-te na minha vida com a Tangerina. Sem te ferir, sem te desflorar, sem te cortar, como este pobre limoneto da wikipedia. O mesmo vale para as minhas outras meninas. Quanto aos rapazes, ainda nao sei muito bem. Penso nisso amanha(como a Scarlett o''Hara, Em Tudo o Vento Levou).
Acho que ja expus a minha defesa. Estou preparada para as alegacoes finais.
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PS: Espero que vejam nesta mensagem um arrufo de pombinhas! Eu sou assim- derradeira, tragica. 'é de ouvir tanto Rachmaninoff. (bem tem razao o meu naomrado neo-realiata de proibir esses contra-revolucionarios la em casa)
1 comentário:
ninguém está contra a joaninha. :P
"Nao pode ser, menina limao, nao posso retirar um verso ao meu poema, uma cena tao importante da minha vida. Minha que se torna nossa vida. Ai é que esta a questao. A menina limao tem direito `a sua vida, das maneiras que ela quiser ressuscitar. E para isso, tenho eu de a retirar do meu poema? Se fosse apenas da minha vida, eu aguentava, mas do meu poema, do poema ao qual eu própria sou submissa? Que nos uniu e agora nos separa?"
este parágrafo descreve aquela cena do reconhecimento, ascensão e queda no amor. é sempre assim. fica-se a perguntar porque é que para um viva o outro tenha que morrer. e no entanto há tão pouco (ou nada) a fazer... :|
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