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Estão guardadas na Quasi


terça-feira, 13 de novembro de 2007

O que e um blog? O que é o teu blog? (III)

Uma moça que se diz desalmada respondeu


Foi por isso, foi por dias em que as lágrimas não secavam de modo nenhum, que o meu blog começou a existir. Sempre havia escrito algumas coisas tipicamente adolescentes: um diário, uns poemas, mas nada de especial. Até que, como resultado de um igualmente típico "broken heart", me comecei a refugiar nas palavras. Inicialmente, em bloquinhos que me acompanhavam na solidão colectivas dos transportes púbicos e depois num blog.


Já teria ouvido falar em blogs, mas não usei o meu para aquilo a que estava habituada a ver (normalmente textos de opinião sobre temas dos mais variados), ao invés disso criei um espaço meramente narcisista, onde textos e poemas de costrução modesta se empilhavam num tom confessional que eu desesperadamente necessitava. Depositava-os no blog com uma noção muito vã de partilha mas que simultaneamente apagava a cobardia do dia-a-dia, a minha cobardia em assumir que de vez enquando queria deliberadaente estar triste. No sensação de mundo podia sê-lo sem cansar ninguém, nem a mim.

O blog permitiu-me começar uma sensação que tinha do mundo muito particular, com algo abstracto e de um modo que não fazia sentido para ninguém. Aliás algo que se mantém: ainda hoje aqui se encontram textos indecifráveis para muita gente e o mais divertido é que eu posso, porque quem me lê eu não vejo. O mais divertido é que posso não fazer sentido para ninguém, mas que para mim eu faça, o mais divertido é que todos os textos que se encontram no meu blog me libertaram de alguma forma e ainda conseguiram algo de extraordinario: maner alguns leitores, a maior parte por uma bem-vinda amizade. Acima de tudo o bom é que posso escreer mal porque não preciso de provar nada a ninguém, não preciso de ser nada diferente, não preciso de ser melhor, pois indubitavelmente isto em vai fazer bem.



E assim nasce uma sensação de mundo, que se propõe exactamente a não fazer nada excepto transmitir sensações que eu vivo. Egocentricamente elaborada para que ninguém tenha de gostar e sinceramente comovida quando alguém por aqui passa, porque passou pelo meu blog e por uma arte de mim que pouca gente ou ninguém conhece.



A minha navegação pela blogosfera é perfeitamente justificável com o exemplo do meu dia de hoje: um dia em que tudo o que me apetecia era estar num qulalquer paraíso para os olhos a ouvir uma boa música, quentinha, aconchegada, mas como não posso começo a clicar desenfreadamente e tudo desaparece. A necessidade de viajar desaparece, porque de certa forma fiz pequenas viagens com paragem em alguns apiadeiros chamados posts.



E uma menina cicia nos nossos buzios para irmos até `a meia noite (to)do dia .

3 comentários:

Menina Limão disse...

ó trapalhona, escreveste mal o nome do blog! é "meia noite todo o dia". ;)

ana salomé disse...

é note dita como se fosse uma açoriana em neerlândias :)*

Joana Serrado disse...

Obrigada Santa Salomé por guardares a minha cabeça...
E `a menina limao, por me chamar de trapalhona, devo dizer-lhe que já ando a ter ajuda profissional, um personal trainer ortográfico! (E tu é que és a culpada de eu andar nesta vida de blogues, nao te esqueças)

Emparedada/Uit de Muur

Emparedada/Uit de Muur
Um ciclo de poemas portugueses e neerlandeses

Klompen / Socos


Klompen/ Socos

Klompen/ Socos: tamancos, chinelas de pau, tb. acto de toque fisico, agressivo, da /tua, minha/ mao na / minha, tua/ face

Klompen


Gostava de te dizer como são os meus passos que me afastam de ti.
Como não vivo para ti, nem escrevo para ti.

Como não penso no meu amor, nem te amo em pensamento.

Como não te vejo nos lugares onde nunca estivemos juntos.

Como tu não me pisas quando me obrigas a seguir os teus passos,
ou como não me calcas quando descalças os pés às leonores
que bebem da tua fonte.

Como caminho firme e confiante pelos prados holandeses, entre as vacas e a lama,
e me afasto cada vez mais de ti.

Como os meus passos se afastam dos teus passos, correndo para longe, longe,
esperando que o mundo seja realmente redondo, e não plano,
e possa, um dia, chegar às tuas costas, tapar os teus olhos e dizer-te
mijn thuisland is niet meer mijn taal.


Socos


Ik wilde je zeggen hoe mijn stappen zijn die mij van je verwijderen.

Hoe ik niet leef voor jou, niet eens schrijf voor jou.

Hoe ik niet denk aan mijn liefde en je evenmin bemin in gedachten.

Hoe ik je niet zie op de plaatsen waar we nooit samen waren.

Hoe je me niet vertrapt wanneer je me dwingt je stappen te volgen,
of hoe je me niet plet wanneer je de schoenen uittrekt
van de leonoors die drinken uit jouw bron.

Hoe ik ferm en vol vertrouwen door de Nederlandse weiden loop,
tussen koeien en modder, en me steeds verder van je verwijder.

Hoe mijn stappen zich verwijderen van jouw stappen, rennend naar de verre verten,in de hoop dat de wereld werkelijk rond is, en niet plat,
en dat ik op een dag achter je sta, mijn handen op je ogen leg en zeg
a minha pátria já não é a minha língua.


Joana Serrado, Emparedada/ Uit de Muur, Uitgeverij de Passage, 2009, p. 32, 33

A minha pátria não é a minha língua