Preciso de Flores!

Estão guardadas na Quasi


quarta-feira, 7 de novembro de 2007

O ulmeiro de ninguém


in http://dias-com-arvores.blogspot.com/2005/07/o-ulmeiro-da-cordoaria-1.html

[contributos para uma dendrologia da salvaçao]

Entao, és um ulmeiro de coraçao partido?
Amaste porventura
a minha tilia que caiu na Praça
enquanto eu lia
quase em vulcao
a impossibilidade de
beber
as suas folhas liquefeitas
com o herberto e o eugénio
a jogarem xadrez no
meu umbigo?

Quantos aneis rasgaram o teu coraçao?
Quantos circulos contam a tua eternidade?

Se calhar foi no Sena
que deixaste partir a tua alma.

Só sei que tu passas na rua das flores
tragicamente

e eu dedico-me `a botanica
sem saber sem abrir as caixas
e descobrir o género da
cor.

Ninguém gosta de ti, Ulmeiro.

Ulmus,da familia das Ulmaceae
com folhas alternadas, simples
assimétricas
culminando
num ápice.

Talvez
por serem hermafroditas
com flores perfeitas
mas
polinizadas pelo vento

Ninguém gosta de ti, Ulmeiro,

e placidamente aceitas
que um Machado
te tenha serrado
o coraçao.

9 comentários:

Ana disse...

ohh gosto muito do que escreves!

PS: a minha participação está ainda na 2º liha! Mas ha-de sair! :)

Joana Serrado disse...

Obrigada Ana.Mas essa investiga,ao sobre a alma está o máximo. Es de psicologia, estou a ver...SE a minha alma separada for para a frente tens de fazer uma analise psicologica... Um beijinho

Joana

carlos veríssimo disse...

"Xadrex" é propositado ou um descuido e deveria ser Xadrez?

Joana Serrado disse...

Obrigada C. Era xadrez, eu sou muito distraida...Mas xadrez ate teria piada, nao e verdade?

Joana Serrado disse...

Aviso.

Eu sei que um machado nao serra, mas enfim, se for persistente ate pode serrar...

ana salomé disse...

a semântica da botânica é muito mais poética. :)

isto está perfeito, joana*

Ana disse...

Joana:


Infelizmente, não poderei fazer a análise de que falas já que não sou de psicologia, mas biologia. Mas farei questão de ser leitora acérrima :)

Beijinho

Happy and Bleeding disse...

ohhh :) se andas a estudar pouco para escrever destas coisas, estás mais do que perdoada ;)

*

Joana Serrado disse...

obrigada meninas, menino, pelo apoio. Foi assim de um jacto, eu pensava que ja me tinha deixado de botaniquices, mas nao resisti perante um ulmeiro de coroaçao partido!!!

Emparedada/Uit de Muur

Emparedada/Uit de Muur
Um ciclo de poemas portugueses e neerlandeses

Klompen / Socos


Klompen/ Socos

Klompen/ Socos: tamancos, chinelas de pau, tb. acto de toque fisico, agressivo, da /tua, minha/ mao na / minha, tua/ face

Klompen


Gostava de te dizer como são os meus passos que me afastam de ti.
Como não vivo para ti, nem escrevo para ti.

Como não penso no meu amor, nem te amo em pensamento.

Como não te vejo nos lugares onde nunca estivemos juntos.

Como tu não me pisas quando me obrigas a seguir os teus passos,
ou como não me calcas quando descalças os pés às leonores
que bebem da tua fonte.

Como caminho firme e confiante pelos prados holandeses, entre as vacas e a lama,
e me afasto cada vez mais de ti.

Como os meus passos se afastam dos teus passos, correndo para longe, longe,
esperando que o mundo seja realmente redondo, e não plano,
e possa, um dia, chegar às tuas costas, tapar os teus olhos e dizer-te
mijn thuisland is niet meer mijn taal.


Socos


Ik wilde je zeggen hoe mijn stappen zijn die mij van je verwijderen.

Hoe ik niet leef voor jou, niet eens schrijf voor jou.

Hoe ik niet denk aan mijn liefde en je evenmin bemin in gedachten.

Hoe ik je niet zie op de plaatsen waar we nooit samen waren.

Hoe je me niet vertrapt wanneer je me dwingt je stappen te volgen,
of hoe je me niet plet wanneer je de schoenen uittrekt
van de leonoors die drinken uit jouw bron.

Hoe ik ferm en vol vertrouwen door de Nederlandse weiden loop,
tussen koeien en modder, en me steeds verder van je verwijder.

Hoe mijn stappen zich verwijderen van jouw stappen, rennend naar de verre verten,in de hoop dat de wereld werkelijk rond is, en niet plat,
en dat ik op een dag achter je sta, mijn handen op je ogen leg en zeg
a minha pátria já não é a minha língua.


Joana Serrado, Emparedada/ Uit de Muur, Uitgeverij de Passage, 2009, p. 32, 33

A minha pátria não é a minha língua