Preciso de Flores!

Estão guardadas na Quasi


quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Camarada

A vida anda-me a correr mal. Acho que foi por ter esbarrado na página do Miguel Marques. Era o mal maior que me poderia ter acontecido. Não só por o Miguel Marques ter todos os indicios de ser um misógino impregnado, daqueles que dizem para escrever um bom romance é preciso tratar mesmo mal as mulheres, mas também, juntamente, por, pelos vistos - posso não investigar para a minha tese mas lá no google sou expert!- o moçinho ter escritos textos para o DN Jovem.
Eu sou daquelas meninas que foram censuradas à partida pelo DN Jovem. Nunca lá mais pus os pés. Quem era o avaliador era o nosso grande romancista José Luis Peixoto (por acaso amigo do Neo- Realista. Aliás, quantas discussões não tivemos por causa do Luis Peixoto). (Invejas puras e duras, reconheço. Não sou perfeita. Quase, mas não inteiramente.)

Eu enviei um poema para o DN. Jovem quando andava hiper activa (um estado bem estranho na minha pessoa) no Bloco. Especialmente quando o Bloco era o Bloco/Madeira . Uma das funçoes era estar na nova sede (quando toda a gente frequentava a sede da UDP). Felizmente a sede era perto de um sitio onde se vendiam queijadas magnificas. Mas nessa altura eu subia e descia as veredas, e as minhas coxas não se chateavam.

Este poema foi-me censurado pelo J.L. Peixoto porque , apesar - and I quote- dos esforços concretistas da primeira parte, a segunda, o final, era desastroso. Agoro GOSTAVA (estás a ver, estou mais meiguinha) de saber porque é que o final não pode destoar do início - ja que tu pertences a geraçao D.N jovem e eu sou uma quase-trintona-amargurada-com-coxas-do-tamanho-de-abóboras



Ser Camarada


o teu corpo farejo CÁ
na areia da tua CAMA
dizer sem pejo: AMA
pedir num beijo- AMARrA
deitada na lua do MAR
loucamente crua e MÁ
arquejar no desejo no AR
trincar tua coxa de RÃ
acender uma tocha iRADA
bebendo a luz que DÁ


até ao espasmo de uma pálida aragem
que estremece e apaga nossa camaradagem.

(Porto, 11. Nov. 2003)

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Emparedada/Uit de Muur

Emparedada/Uit de Muur
Um ciclo de poemas portugueses e neerlandeses

Klompen / Socos


Klompen/ Socos

Klompen/ Socos: tamancos, chinelas de pau, tb. acto de toque fisico, agressivo, da /tua, minha/ mao na / minha, tua/ face

Klompen


Gostava de te dizer como são os meus passos que me afastam de ti.
Como não vivo para ti, nem escrevo para ti.

Como não penso no meu amor, nem te amo em pensamento.

Como não te vejo nos lugares onde nunca estivemos juntos.

Como tu não me pisas quando me obrigas a seguir os teus passos,
ou como não me calcas quando descalças os pés às leonores
que bebem da tua fonte.

Como caminho firme e confiante pelos prados holandeses, entre as vacas e a lama,
e me afasto cada vez mais de ti.

Como os meus passos se afastam dos teus passos, correndo para longe, longe,
esperando que o mundo seja realmente redondo, e não plano,
e possa, um dia, chegar às tuas costas, tapar os teus olhos e dizer-te
mijn thuisland is niet meer mijn taal.


Socos


Ik wilde je zeggen hoe mijn stappen zijn die mij van je verwijderen.

Hoe ik niet leef voor jou, niet eens schrijf voor jou.

Hoe ik niet denk aan mijn liefde en je evenmin bemin in gedachten.

Hoe ik je niet zie op de plaatsen waar we nooit samen waren.

Hoe je me niet vertrapt wanneer je me dwingt je stappen te volgen,
of hoe je me niet plet wanneer je de schoenen uittrekt
van de leonoors die drinken uit jouw bron.

Hoe ik ferm en vol vertrouwen door de Nederlandse weiden loop,
tussen koeien en modder, en me steeds verder van je verwijder.

Hoe mijn stappen zich verwijderen van jouw stappen, rennend naar de verre verten,in de hoop dat de wereld werkelijk rond is, en niet plat,
en dat ik op een dag achter je sta, mijn handen op je ogen leg en zeg
a minha pátria já não é a minha língua.


Joana Serrado, Emparedada/ Uit de Muur, Uitgeverij de Passage, 2009, p. 32, 33

A minha pátria não é a minha língua