Preciso de Flores!

Estão guardadas na Quasi


domingo, 2 de dezembro de 2007

Não me digam que eu sou Casamenteira ?

Um poema da Salomé dedicado ao david


ode com meias até aos joelhos

nos dias em que chegas a casa triste
o meu corpo é triste para que nada te fira
nos dias em que chegas a casa triste
sou só corpo com meias tontas até aos joelhos
um corpo nu no medo claro da noite
os seios no redondo azul da tua esfera
e a sombra deles na parede do quarto.
nos dias em que chegas a casa triste
sou uma salomé num desassossego de licor,
o teu lado esquerdo com um sexo de flores,
a ternura somente insuportável
de te saber triste sem te poder tocar.

7 comentários:

ana salomé disse...

mas que história vem a ser esta menina casamenteira ? eu não conheço esse rapaz de terra alguma.

lol...

tontinha*

Joana Serrado disse...

Nao resisti, Salome, desculpa. Mas desde que descobri aquele do açoite parece que perdi as estribeiras.

O rapaz parece ser bom menino. Dá-lhe uma hipótese. Eu faria o mesmo, se nao tivesse ja dado todo o meu amor botanico a uma árvore.

ana salomé disse...

ai :D at� o faria de bom cora�o se o meu j� n�o estivesse platonicamente aos p�s de uma �rvore tamb�m.

eh eh, acho que vais levar um pux�o de orelhas com tanta casamenteirice pegada :D *

Joana Serrado disse...

Calma ai...A botanista sou eu...Arvores, flores e o mundo vegetal ja está reservado para a Santa Joana Princesa. Mulheres dissolutas como as Salomés é que se dedicam ao mundo animal!!!

Um beijinho. Os teus poemas estao cada vez melhor. (mas ja sabes, as odes sao as minhas favoritas)

ana salomé disse...

pronto, pronto, um pássaro. :D

(e tu, quando postas aqui mais poemas teus? queremos queremos ler-te*) obrigada menina. aquelas três odes, se um dia sairem, serão para ti. *

és a minha odeira botanálica :)

Joana Serrado disse...

Ja sabes, tenho um problema...quando começo a escrever um poema escrevo um livro...

Joana Serrado disse...

vao ser para mim? hum...nao mereço Salomé...mas aceito lambuzada!

Emparedada/Uit de Muur

Emparedada/Uit de Muur
Um ciclo de poemas portugueses e neerlandeses

Klompen / Socos


Klompen/ Socos

Klompen/ Socos: tamancos, chinelas de pau, tb. acto de toque fisico, agressivo, da /tua, minha/ mao na / minha, tua/ face

Klompen


Gostava de te dizer como são os meus passos que me afastam de ti.
Como não vivo para ti, nem escrevo para ti.

Como não penso no meu amor, nem te amo em pensamento.

Como não te vejo nos lugares onde nunca estivemos juntos.

Como tu não me pisas quando me obrigas a seguir os teus passos,
ou como não me calcas quando descalças os pés às leonores
que bebem da tua fonte.

Como caminho firme e confiante pelos prados holandeses, entre as vacas e a lama,
e me afasto cada vez mais de ti.

Como os meus passos se afastam dos teus passos, correndo para longe, longe,
esperando que o mundo seja realmente redondo, e não plano,
e possa, um dia, chegar às tuas costas, tapar os teus olhos e dizer-te
mijn thuisland is niet meer mijn taal.


Socos


Ik wilde je zeggen hoe mijn stappen zijn die mij van je verwijderen.

Hoe ik niet leef voor jou, niet eens schrijf voor jou.

Hoe ik niet denk aan mijn liefde en je evenmin bemin in gedachten.

Hoe ik je niet zie op de plaatsen waar we nooit samen waren.

Hoe je me niet vertrapt wanneer je me dwingt je stappen te volgen,
of hoe je me niet plet wanneer je de schoenen uittrekt
van de leonoors die drinken uit jouw bron.

Hoe ik ferm en vol vertrouwen door de Nederlandse weiden loop,
tussen koeien en modder, en me steeds verder van je verwijder.

Hoe mijn stappen zich verwijderen van jouw stappen, rennend naar de verre verten,in de hoop dat de wereld werkelijk rond is, en niet plat,
en dat ik op een dag achter je sta, mijn handen op je ogen leg en zeg
a minha pátria já não é a minha língua.


Joana Serrado, Emparedada/ Uit de Muur, Uitgeverij de Passage, 2009, p. 32, 33

A minha pátria não é a minha língua