terça-feira, 16 de dezembro de 2008
sábado, 15 de novembro de 2008
A apresentaçao das Odes da Salomé
Ao contrário do previsto e do imprevisto a que os poetas estão sujeitos, a apresentaçao das Odes da Salomé não irá ocorrer daqui, a horas, na Trama.
Compartilho convosco o meu pesar e o meu carinho por uma autora, uma obra e uma amiga que não mereciam esta desfeita. Gostava de dar uma explicação para os que deram o apoio e se disponibilizaram a ir lá, mas é impossivel racionalizar o irracional.
Compartilho convosco o meu pesar e o meu carinho por uma autora, uma obra e uma amiga que não mereciam esta desfeita. Gostava de dar uma explicação para os que deram o apoio e se disponibilizaram a ir lá, mas é impossivel racionalizar o irracional.
sábado, 1 de novembro de 2008
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Acerca do Sangue Novo na poesia portuguesissima novissima
discussão cíclica, escatológica e inevitável como o socialismo utópico
digo (como tivesse o poder de dizer)
sou uma poetiza oitocentista.
digo (como tivesse o poder de dizer)
sou uma poetiza oitocentista.
sábado, 30 de agosto de 2008
Gostava de ser um viaduto
Relembro as cidades enquanto cor,
maleáveis em viadutos. Ruas
que crescem dentro dos passos sonoros
e barcos que se levantam demais
à procura de limites fechados
entre esta pressa que se faz encontro
depois das casas ainda em segredo.
Rui Almeida
maleáveis em viadutos. Ruas
que crescem dentro dos passos sonoros
e barcos que se levantam demais
à procura de limites fechados
entre esta pressa que se faz encontro
depois das casas ainda em segredo.
Rui Almeida
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
Poema da semana (Poetry International)
THE RETURN
I often dream about the ocean
and would like to write
a long ode to water, because I live
on a drought stricken flood plain
next to a sea where a baked delta
opens between glittering sandstone cliffs
& the dunes and beaches make holiday resorts
seem like colonies in outer space.
Where are the green islands? Where are
the sticky hibiscus flowers,
the paddocks full of clover and grass,
the intricate mangrove swamps
& the mud that squelches between your toes?
Instead I am covered in salt—
the same brother you forgot
whose wounds were like rumours
of the rains’ failure
but who returns even so, just as the wet arrives
after weeks of dry storm lightning out to sea
& who stands in front of you
dressed in his flash city clothes
but suddenly shy, like a stranger embarrassed
by wet footprints and tears
& the sudden atmosphere of drama.
From: John Forbes, Collected Poems: 1970-1998
Publisher: Brandl & Schlesinger, Sydney, 2002
ISBN: 1876040270
© Michael Forbes, 2002
I often dream about the ocean
and would like to write
a long ode to water, because I live
on a drought stricken flood plain
next to a sea where a baked delta
opens between glittering sandstone cliffs
& the dunes and beaches make holiday resorts
seem like colonies in outer space.
Where are the green islands? Where are
the sticky hibiscus flowers,
the paddocks full of clover and grass,
the intricate mangrove swamps
& the mud that squelches between your toes?
Instead I am covered in salt—
the same brother you forgot
whose wounds were like rumours
of the rains’ failure
but who returns even so, just as the wet arrives
after weeks of dry storm lightning out to sea
& who stands in front of you
dressed in his flash city clothes
but suddenly shy, like a stranger embarrassed
by wet footprints and tears
& the sudden atmosphere of drama.
From: John Forbes, Collected Poems: 1970-1998
Publisher: Brandl & Schlesinger, Sydney, 2002
ISBN: 1876040270
© Michael Forbes, 2002
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
As Confissões de Santa Joana Princesa
Eu não gosto muito de blogues, e já ando cheia de vontade de mandar este à vida (ainda por cima, depois do Ninguém ter acabado com o dele). Mas graças ao blog conheci pessoas magníficas (e algumas menos interessantes, que, por essa mesma razão, me fizeram muito bem ao ego).
De vez em quando recebo poemas. Este verão recebi parte da Teoria da Terra e uma versão botânica de um Historiador da nossa praça. Também recebi uma linda carta de um bicho da seda. O que ode acontecer de melhor a uma botanista de domingo?
Foram mais as alegrias que este blog me deu. Chatices, acho que nenhuma, só o facto de eu ter de escrever qualquer coisa de vez em quando. E a escrita tem de ser solitária (o que eu escrevo não publico aqui).
Queria agradecer os comentários, os mails que tenho recebido e às evzes não respondo. Aos poetas que me "linkaram". Fico muito feliz. Mas eu cada vez sou menos bloguíca.
Ando com imensas chatices com o meu gato. Aquilo é um monstro (bem tinha razão um comentário que recebi). Ando toda arranhada. Ele até ataca os meus olhos.
Agora ando a aprender sueco para conseguir ler aqueles policiais suecos no original.
Tenho o meu romance ainda na versão da reescrita e isso está a chatear-me muito. Para não falar da tese. E da tradução da minha mística.
Setembro vou para Portugal. Espero até lá fazer o milagre das rosas. Para vocês todos/as e nnguém (ninguéns) um abraço. Em sueco
De vez em quando recebo poemas. Este verão recebi parte da Teoria da Terra e uma versão botânica de um Historiador da nossa praça. Também recebi uma linda carta de um bicho da seda. O que ode acontecer de melhor a uma botanista de domingo?
Foram mais as alegrias que este blog me deu. Chatices, acho que nenhuma, só o facto de eu ter de escrever qualquer coisa de vez em quando. E a escrita tem de ser solitária (o que eu escrevo não publico aqui).
Queria agradecer os comentários, os mails que tenho recebido e às evzes não respondo. Aos poetas que me "linkaram". Fico muito feliz. Mas eu cada vez sou menos bloguíca.
Ando com imensas chatices com o meu gato. Aquilo é um monstro (bem tinha razão um comentário que recebi). Ando toda arranhada. Ele até ataca os meus olhos.
Agora ando a aprender sueco para conseguir ler aqueles policiais suecos no original.
Tenho o meu romance ainda na versão da reescrita e isso está a chatear-me muito. Para não falar da tese. E da tradução da minha mística.
Setembro vou para Portugal. Espero até lá fazer o milagre das rosas. Para vocês todos/as e nnguém (ninguéns) um abraço. Em sueco
quinta-feira, 10 de julho de 2008
Miguel Marques à holandesa
Há uma passagem em O Amante da Lady Chatterly em que esta, amadurecendo aos trinta anos, se emociona perante uma ninhada de pintainhos, acocorando-se perante os pequenos bichos e invejando a galinha que procriou, acaba por chorar.
O jardineiro aparece e acalma-a (,) por trás, frente à depressão pós-parto da galinha.
Devo estar a passar pela mesma fase. (Da Lady Chatterly? Da Galinha? Do Jardineiro? Do D.H. Lawrence? Do Miguel Marques?). Não sei. Arranjei um gato. Chama-se Miauw (e tem passaporte holandês. E chip. E vacinas em dia ao contrário da sua baasje = patroazinha). Ontem fui a uma kitten party para o meu gato se sociabilizar com outros bichanos. O meu gato era sem dúvida o mais bonito. Só estou na duvida de comprar o seguro de vida para o bichano que sponsarizou um dos meus momentos mais radiantes deste ano académico.
O jardineiro aparece e acalma-a (,) por trás, frente à depressão pós-parto da galinha.
Devo estar a passar pela mesma fase. (Da Lady Chatterly? Da Galinha? Do Jardineiro? Do D.H. Lawrence? Do Miguel Marques?). Não sei. Arranjei um gato. Chama-se Miauw (e tem passaporte holandês. E chip. E vacinas em dia ao contrário da sua baasje = patroazinha). Ontem fui a uma kitten party para o meu gato se sociabilizar com outros bichanos. O meu gato era sem dúvida o mais bonito. Só estou na duvida de comprar o seguro de vida para o bichano que sponsarizou um dos meus momentos mais radiantes deste ano académico.
quinta-feira, 3 de julho de 2008
ah ter o mundo todo e ter ninguém para dizer isto
Emigraram as folhas
talvez para um país
onde as árvores sejam nuas
e o calor transforme
onde poetas não sejam cães ao serviço da pátria
nem casos apontados do complexo de Orfeu
(folhas penetradas pela luz claríssima
transparência, inverno de estanho
acto de sexo estranho)
o vento que mexe as folhas das ideias
(...) (...) (...)
emigraram os pássaros
talvez para um jardim
folhas crescendo no espaço
e o horizonte continuado em mim
ah ter o mundo todo e ter ninguém
para dizer isto
Paulo Archer, Teoria da Terra (1985)
talvez para um país
onde as árvores sejam nuas
e o calor transforme
onde poetas não sejam cães ao serviço da pátria
nem casos apontados do complexo de Orfeu
(folhas penetradas pela luz claríssima
transparência, inverno de estanho
acto de sexo estranho)
o vento que mexe as folhas das ideias
(...) (...) (...)
emigraram os pássaros
talvez para um jardim
folhas crescendo no espaço
e o horizonte continuado em mim
ah ter o mundo todo e ter ninguém
para dizer isto
Paulo Archer, Teoria da Terra (1985)
terça-feira, 17 de junho de 2008
sexta-feira, 13 de junho de 2008
The Moral Dimension of the Crime Novel
by
P. D. James
Any consideration of the moral dimension of the crime novel inevitably raises a number of questions, not least, what do we mean by the word ‘morality’ in relation to a work of fiction, and whose morality are we concerned with, the writer’s, the detective’s or the murderer’s? The moral world which the characters inhabit and which the author explores is also defined by the type of novel under consideration. There is, I suggest, a difference between crime writing generally, which can range over an extraordinarily wide spectrum both of books and writers, and its more structured and conventional form, the classical detective story. The latter has at its heart a mysterious crime, usually murder, a closed circle of suspects with motive, means and opportunity for the deed, a detective who comes in rather like an avenging deity to solve the crime and, by the end of the book, a solution which the reader should be able to arrive at by logical deduction from clues incorporated in the plot with deceptive cunning but essential fairness. The form has, in fact, been described as a successor to the old morality plays and it certainly works most successfully if the detective, whether amateur or professional, can be seen by the reader to be in some way the embodiment of justice. The traditional English detective story has never condoned murder, nor indeed has usually expressed any sympathy for the murderer, and part of its attraction, particularly in turbulent and uncertain times, has been its comforting reassurance that we live in a moral and comprehensible universe, with virtue as the norm and crime an aberration, in which it is the duty of reasonable human beings to bring order out of disorder. To that extent, of course, the detective story stands in the tradition of the canon of the British novel of social realism.
In other forms of crime writing, of which Graham Greene’s Brighton Rock is an example, the reader may know from the beginning who is guilty of the crime and the interest is less in ratiocination than in the effect of the deed on the perpetrator and on society and whether, in fact, he or she will be finally caught. Here the moral compass is less fixed. There may indeed be some authorial sympathy for the murderer, borne perhaps of the writer’s understanding of his character’s early deprivations and experiences, the compulsions and the lack of love, which have led him to destroy life. Some writers have even shown sympathy verging on approbation. Patricia Highsmith, for example, has a psychopath as hero and we are hardly invited to condemn. And in the so-called hard-boiled crime novels, particularly in America, the detective may be as much at war with the criminal justice system as he is with the villain. As Georges Simenon, creator of the Maigret books, said in a 1960s interview, ‘Deep down the policeman understands the criminal because he can see easily how he became one. They inhabit the same underworld.’
This moral ambivalence was hardly true of the detectives or the moral dimension of the so-called golden age of detective fiction. Even allowing for the social attitudes of the 1930s, the inter-war detective story was simplistic in its treatment of morality and there is some justice in the criticism that it was the product of a class-ridden and basically puritanical society defending the inalienable right of the possessor to protect his possessions against the greed and envy of predators, and one in which the working-class, including many policemen, were treated as buffoons or simpletons. There was small, if any, sympathy for the murderers and it was accepted that when caught they would hang, although Agatha Christie, arch-purveyor of cosy reassurance, is careful not to allow the dark shadow of the public hangman to fall upon her essentially comforting pages. The novels were, of course, written as entertainment and, particularly during the war, as a necessary antidote to danger and death, and to be too stringent in criticism now is probably as unrealistic as criticising Jane Austen because she did not deal with the Napoleonic Wars or the brutality of the criminal justice system.
Today the detective story, like many other crime novels, combines an age-old fascination with mysterious death and violence with a concern for less atavistic emotions and the circumstances which give rise to them. The murderer is not commonly admired and he is still seen as someone whom the agents of the State are justified – indeed required – to hunt down. But he is less a convenient stereotype for a simplistic battle between good and evil than a complicated and possibly suffering human being, as much at the mercy of his genes, his upbringing and his experience as is the detective who is nominally his enemy. In the detective story murder remains the unique crime, the one for which no reparation can ever be made, but the reader’s horror or disgust can be tinged with understanding or even pity. The detective remains the hero, that symbol of triumphant individualism, who may – indeed must – be fallible but never corrupt. To that extent the morality is still the age-old conflict between good and evil, fought out in the contemporary world with all its shibboleths, its convenient compromises, its smudged morality, its suspicion of too apparent virtue. We can be confident by the end that the murderer will be caught and justice vindicated, if only the imperfect justice of fallible human beings. To that extent the modern detective story, with its moral ambiguity, its greater realism and its preoccupation with issues which go beyond the process of ratiocination, can claim to fulfil what Henry James wrote is the business of fiction: to help the heart of man to know itself.
P. D. James is an award-winning crime writer. Her latest novel is The Lighthouse.
P. D. James
Any consideration of the moral dimension of the crime novel inevitably raises a number of questions, not least, what do we mean by the word ‘morality’ in relation to a work of fiction, and whose morality are we concerned with, the writer’s, the detective’s or the murderer’s? The moral world which the characters inhabit and which the author explores is also defined by the type of novel under consideration. There is, I suggest, a difference between crime writing generally, which can range over an extraordinarily wide spectrum both of books and writers, and its more structured and conventional form, the classical detective story. The latter has at its heart a mysterious crime, usually murder, a closed circle of suspects with motive, means and opportunity for the deed, a detective who comes in rather like an avenging deity to solve the crime and, by the end of the book, a solution which the reader should be able to arrive at by logical deduction from clues incorporated in the plot with deceptive cunning but essential fairness. The form has, in fact, been described as a successor to the old morality plays and it certainly works most successfully if the detective, whether amateur or professional, can be seen by the reader to be in some way the embodiment of justice. The traditional English detective story has never condoned murder, nor indeed has usually expressed any sympathy for the murderer, and part of its attraction, particularly in turbulent and uncertain times, has been its comforting reassurance that we live in a moral and comprehensible universe, with virtue as the norm and crime an aberration, in which it is the duty of reasonable human beings to bring order out of disorder. To that extent, of course, the detective story stands in the tradition of the canon of the British novel of social realism.
In other forms of crime writing, of which Graham Greene’s Brighton Rock is an example, the reader may know from the beginning who is guilty of the crime and the interest is less in ratiocination than in the effect of the deed on the perpetrator and on society and whether, in fact, he or she will be finally caught. Here the moral compass is less fixed. There may indeed be some authorial sympathy for the murderer, borne perhaps of the writer’s understanding of his character’s early deprivations and experiences, the compulsions and the lack of love, which have led him to destroy life. Some writers have even shown sympathy verging on approbation. Patricia Highsmith, for example, has a psychopath as hero and we are hardly invited to condemn. And in the so-called hard-boiled crime novels, particularly in America, the detective may be as much at war with the criminal justice system as he is with the villain. As Georges Simenon, creator of the Maigret books, said in a 1960s interview, ‘Deep down the policeman understands the criminal because he can see easily how he became one. They inhabit the same underworld.’
This moral ambivalence was hardly true of the detectives or the moral dimension of the so-called golden age of detective fiction. Even allowing for the social attitudes of the 1930s, the inter-war detective story was simplistic in its treatment of morality and there is some justice in the criticism that it was the product of a class-ridden and basically puritanical society defending the inalienable right of the possessor to protect his possessions against the greed and envy of predators, and one in which the working-class, including many policemen, were treated as buffoons or simpletons. There was small, if any, sympathy for the murderers and it was accepted that when caught they would hang, although Agatha Christie, arch-purveyor of cosy reassurance, is careful not to allow the dark shadow of the public hangman to fall upon her essentially comforting pages. The novels were, of course, written as entertainment and, particularly during the war, as a necessary antidote to danger and death, and to be too stringent in criticism now is probably as unrealistic as criticising Jane Austen because she did not deal with the Napoleonic Wars or the brutality of the criminal justice system.
Today the detective story, like many other crime novels, combines an age-old fascination with mysterious death and violence with a concern for less atavistic emotions and the circumstances which give rise to them. The murderer is not commonly admired and he is still seen as someone whom the agents of the State are justified – indeed required – to hunt down. But he is less a convenient stereotype for a simplistic battle between good and evil than a complicated and possibly suffering human being, as much at the mercy of his genes, his upbringing and his experience as is the detective who is nominally his enemy. In the detective story murder remains the unique crime, the one for which no reparation can ever be made, but the reader’s horror or disgust can be tinged with understanding or even pity. The detective remains the hero, that symbol of triumphant individualism, who may – indeed must – be fallible but never corrupt. To that extent the morality is still the age-old conflict between good and evil, fought out in the contemporary world with all its shibboleths, its convenient compromises, its smudged morality, its suspicion of too apparent virtue. We can be confident by the end that the murderer will be caught and justice vindicated, if only the imperfect justice of fallible human beings. To that extent the modern detective story, with its moral ambiguity, its greater realism and its preoccupation with issues which go beyond the process of ratiocination, can claim to fulfil what Henry James wrote is the business of fiction: to help the heart of man to know itself.
P. D. James is an award-winning crime writer. Her latest novel is The Lighthouse.
quinta-feira, 12 de junho de 2008
Pauze/ Pausa
Pauze
ik stierf
en stierf opnieuw
tien maanden lang
tussen Agatha en Berliner bollen
tot een vrouw
die een Citroën was
getrouwd met een gedachtestreep
mij de koude gracht in duwde
en ik mocht
ver
gaan
Joana Serrado ( Emparedada: Uit de Muur. Hendrik de Vriesstipendium 2008)
3.
Pausa
morria
e morria novamente
dez longos meses
entre Agatha e bolas de Berlim
até que uma mulher
que era um Citroën
casada com travessão de pensamento
empurrou-me para o canal gelado
e eu consegui
des
aparecer.
(versão portuguesa da Autora. No entanto, na edição final as traduções dos meus poemas - quer dos portugueses (Emparedada) quer dos neerlandeses (Uit de Muur) - estarão a cargo de Arie Pos)
ik stierf
en stierf opnieuw
tien maanden lang
tussen Agatha en Berliner bollen
tot een vrouw
die een Citroën was
getrouwd met een gedachtestreep
mij de koude gracht in duwde
en ik mocht
ver
gaan
Joana Serrado ( Emparedada: Uit de Muur. Hendrik de Vriesstipendium 2008)
3.
Pausa
morria
e morria novamente
dez longos meses
entre Agatha e bolas de Berlim
até que uma mulher
que era um Citroën
casada com travessão de pensamento
empurrou-me para o canal gelado
e eu consegui
des
aparecer.
(versão portuguesa da Autora. No entanto, na edição final as traduções dos meus poemas - quer dos portugueses (Emparedada) quer dos neerlandeses (Uit de Muur) - estarão a cargo de Arie Pos)
quinta-feira, 5 de junho de 2008
Carta de amor (Cd Baby loves Joana)
Joana -
Thanks for your order with CD Baby!
Your CDs have been gently taken from our CD Baby shelves with
sterilized contamination-free gloves and placed onto a satin pillow.
A team of 50 employees inspected your CDs and polished them to make
sure they were in the best possible condition before mailing.
Our packing specialist from Japan lit a candle and a hush fell over
the crowd as he put your CDs into the finest gold-lined box that money
can buy.
We all had a wonderful celebration afterwards and the whole party
marched down the street to the post office where the entire town of
Portland waved "Bon Voyage!" to your package, on its way to you, in
our private CD Baby jet on this day, Tuesday, June 3rd.
I hope you had a wonderful time shopping at CD Baby. We sure did. Your picture is on our wall as "Customer of the Year." We're all
exhausted but can't wait for you to come back to CDBABY.COM!!
Thank you, thank you, thank you!
Sigh...
--
Derek Sivers, president, CD Baby
the little store with the best new independent music
http://cdbaby.com cdbaby@cdbaby.com (503)595-3000
Thanks for your order with CD Baby!
Your CDs have been gently taken from our CD Baby shelves with
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A team of 50 employees inspected your CDs and polished them to make
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We all had a wonderful celebration afterwards and the whole party
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I hope you had a wonderful time shopping at CD Baby. We sure did. Your picture is on our wall as "Customer of the Year." We're all
exhausted but can't wait for you to come back to CDBABY.COM!!
Thank you, thank you, thank you!
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Derek Sivers, president, CD Baby
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quarta-feira, 4 de junho de 2008
Post it
Anda há quase um mês a tentar pedir desculpas ao Happyandbleeding pelos nossos desencontros em Portugal. Ainda não encontrei a maneira adquada, certa, para pedir desculpa a alguém que é feliz e sangra, concomitantemente. Tenho tantos remorsos que até nem me atrevo ir à página dele ver o que ele anda a fazer.
d'aqui
d'aqui
terça-feira, 3 de junho de 2008
Prémio de Poesia Bocage
X Concurso Literário - Manuel Maria Barbosa du Bocage
A Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão orientando a sua acção na
defesa e promoção do património cultural da nossa região, vai dar
continuidade à realização do Concurso Literário Manuel
Maria Barbosa du Bocage.
A LASA, sentindo que o verdadeiro elo de ligação do poeta à
comunidade não se deve restringir a uma mera comemoração festiva
de âmbito local, considerou que o dia do aniversário de Bocage e
igualmente Dia da Cidade, deveria ser assinalado com um evento
que correspondesse à grandiosidade da obra do poeta, e fosse
simultaneamente uma forma de promover o aparecimento de novos
valores nesta área da cultura.
Não foi apenas o êxito dos anteriores concursos que nos impõe a
obrigação da sua continuidade, mas fundamentalmente porque
entendemos que o valor patrimonial legado pelo poeta impõe a toda
a Comunidade Setubalense o dever de contribuir para garantir essa
continuidade, para assim ser merecedora do nome e prestígio de
Bocage.
Comemorar Bocage, é também lançar pontes de solidariedade e de
união entre os povos que falam a mesma língua, razão pela qual ,
o Concurso é extensivo aos poetas dos Países de Língua Oficial
Portuguesa-PALOP .
O valor do Prémio de Poesia é de 1500 euros, do Prémio Ensaio
1500 euros e do Prémio Revelação é de 1000 euros.
Para conhecimento do Regulamento, queira contactar com a Liga
dos Amigos de Setúbal e Azeitão através do Apartado 292 , 2901-901
Setúbal e do telef/fax 256235000. O referido Regulamento pode ser
consultado neste site. www.lasa.pt
A Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão orientando a sua acção na
defesa e promoção do património cultural da nossa região, vai dar
continuidade à realização do Concurso Literário Manuel
Maria Barbosa du Bocage.
A LASA, sentindo que o verdadeiro elo de ligação do poeta à
comunidade não se deve restringir a uma mera comemoração festiva
de âmbito local, considerou que o dia do aniversário de Bocage e
igualmente Dia da Cidade, deveria ser assinalado com um evento
que correspondesse à grandiosidade da obra do poeta, e fosse
simultaneamente uma forma de promover o aparecimento de novos
valores nesta área da cultura.
Não foi apenas o êxito dos anteriores concursos que nos impõe a
obrigação da sua continuidade, mas fundamentalmente porque
entendemos que o valor patrimonial legado pelo poeta impõe a toda
a Comunidade Setubalense o dever de contribuir para garantir essa
continuidade, para assim ser merecedora do nome e prestígio de
Bocage.
Comemorar Bocage, é também lançar pontes de solidariedade e de
união entre os povos que falam a mesma língua, razão pela qual ,
o Concurso é extensivo aos poetas dos Países de Língua Oficial
Portuguesa-PALOP .
O valor do Prémio de Poesia é de 1500 euros, do Prémio Ensaio
1500 euros e do Prémio Revelação é de 1000 euros.
Para conhecimento do Regulamento, queira contactar com a Liga
dos Amigos de Setúbal e Azeitão através do Apartado 292 , 2901-901
Setúbal e do telef/fax 256235000. O referido Regulamento pode ser
consultado neste site. www.lasa.pt
A minha primeira vez
segunda-feira, 2 de junho de 2008
Devem ser 11: 30 em portugal
a maior parte das pessoas que eu conheço deve estar a dormir ainda.
Hoje sonhei que estava em santarém (acho que nunca fui a santarém, mas há alguém, segundo o sitemeter, que me lê, de Santarém. E por causa disso, sonhei que estava em Santarém, contigo, seja lá quem tu fores, em Santarém) e sonhei também com o manuel de Freitas (que se calhar nasceu em Santarém). Foi um sonho muito bonito. Apontei os pormenores e detalhes das roupas e tudo. Pode ser que venha um poema para o Manuel de Freitas. Depois vim para o gabinete, vi a mensagem da Alice, e da outra Alice, revi umas mensagens antigas, vi que me tinham pedido uma coisa que me tinha esquecido, ou se calhar nem tinha lido até ao fim, às vezes sou distraída, fiz se calhar um poema sobre miosótis, e depois não sei, quis escrever um livro, ouvi outra vez Harlequin Jones e as Dresden Dolls, sim tenho que começar a trabalhar, mas o livro que estava mesmo ao lado era o American scientist, e lá resolvi reler o melhor poema do mundo. Agora talvez sim, vá estudar. Ou vá ter mais uma lição de dactilografia (ía escrevendo lactigrafia, que até era muito mais giro, mas pelos vistos é um erro)
Hoje sonhei que estava em santarém (acho que nunca fui a santarém, mas há alguém, segundo o sitemeter, que me lê, de Santarém. E por causa disso, sonhei que estava em Santarém, contigo, seja lá quem tu fores, em Santarém) e sonhei também com o manuel de Freitas (que se calhar nasceu em Santarém). Foi um sonho muito bonito. Apontei os pormenores e detalhes das roupas e tudo. Pode ser que venha um poema para o Manuel de Freitas. Depois vim para o gabinete, vi a mensagem da Alice, e da outra Alice, revi umas mensagens antigas, vi que me tinham pedido uma coisa que me tinha esquecido, ou se calhar nem tinha lido até ao fim, às vezes sou distraída, fiz se calhar um poema sobre miosótis, e depois não sei, quis escrever um livro, ouvi outra vez Harlequin Jones e as Dresden Dolls, sim tenho que começar a trabalhar, mas o livro que estava mesmo ao lado era o American scientist, e lá resolvi reler o melhor poema do mundo. Agora talvez sim, vá estudar. Ou vá ter mais uma lição de dactilografia (ía escrevendo lactigrafia, que até era muito mais giro, mas pelos vistos é um erro)
O melhor Poema do mundo
O Melhor Poema do Mundo
Mostrou-me a carta eu nunca lhe diria
assim o meu amor- um estilo tão
desengraçado metáforas tão
baças - mas ela abriu sobre o pepel
o seu mais claro sorriso o sorriso
de ler o melhor poema do mundo.
Sob a minha língua versos e versos
formigavam e o meu amor podia
ser bem dito não estivesse eu certo
de levar em troca elogios- pela
graciosidade do estilo pelas
metáforas bem apanhadas - e
um sorriso desengraçado e baço
parecido com os versos do outro.
António Gregório, American scientist, Quasi, 2007
Temos de ver a concorrência, disse eu ao meu amor enquanto percorríamos a secção magrinhas de poesia nas prateleiras da Bulhosa. O meu amor assentou, usando a passiva ( e quando ela usa a passiva com o se eu gosto muito, porque daí vêm coisas muito importantes, e eu aprendo muito, e o meu amor já não me trata de mémé, e puxa da garganta palavras que eu vou aprender e não vou ter medo de perguntar o que significa, porque ele é o meu amor e sabe tão bem o pouco que eu sei, e não se vai rir, e terminará sempre a dizer, nós sabemos tão pouco, só para eu não me sentir mal). Tem de se começar com a Quasi, com os novos autores, que a Quasi é que lança os novos autores, e eu fico muito contente, porque afinal estou na Quasi, eu e os jovens autores, por quem se tem de começar a investigação da concorrência. Vou lá estar, digo eu para mim. Mas há outras editoras, disse eu, mas logo o meu amor me corrigiu, mas só a Quasi publica os novos autores, e eu já não tenho a certeza, mas sigo-o. Há muitos livros, apesar de uma secção tão pequenina, com apenas quatro ou cinco prateleiras. Todos os livros são fininhos . Afinal não sou só eu que escrevo pouco, penso eu, enquanto o meu amor pousa os seus livros grossos no balcão da Bulhosa, para melhor ver os livros fininhos de poesia, enquanto a empregada olha para os livros grossos, sem saber se o meu amor os vai pagar ou não,a os livros fininhos e aos livros grossos. Nomes bonitos, metáforas extravagantes, coisas que eu nunca pensei. Eu escrevo sobre ciência, penso eu, intimamente, agarrando-me ao casaco do meu amor. Até que vi,
American Scientist, oh, meu amor, alguém me roubou, roubou a ideia. O meu amor tirou-me rapidamente o livro das mão e disse: American Scientist? E eu tiro de novo das mãos dele, a ver se o american scientist me roubou alguma metáfora, alguma imagem, alguma ideia, que só a mim, só a mim me foram oferendadas. Leio o "O melhor poema do mundo". Ele não me roubou nada: nenhuma metáfora, nenhum exotismo, nenhuma latinada, apenas o "melhor poema do mundo". O meu amor pega no livro outra vez e diz, não é grande coisa. Um poema não deve ter a palavra metáfora ou mesmo o adjectivo desengraçado. E eu fiquei contente, talvez, com a concorrência, mas certa que o meu amor gosta dos meus poemas, mais do que da concorrência, e não conseguia ver mesmo no melhor poema do mundo a pequena e fininha poesia do mundo.
Mostrou-me a carta eu nunca lhe diria
assim o meu amor- um estilo tão
desengraçado metáforas tão
baças - mas ela abriu sobre o pepel
o seu mais claro sorriso o sorriso
de ler o melhor poema do mundo.
Sob a minha língua versos e versos
formigavam e o meu amor podia
ser bem dito não estivesse eu certo
de levar em troca elogios- pela
graciosidade do estilo pelas
metáforas bem apanhadas - e
um sorriso desengraçado e baço
parecido com os versos do outro.
António Gregório, American scientist, Quasi, 2007
Temos de ver a concorrência, disse eu ao meu amor enquanto percorríamos a secção magrinhas de poesia nas prateleiras da Bulhosa. O meu amor assentou, usando a passiva ( e quando ela usa a passiva com o se eu gosto muito, porque daí vêm coisas muito importantes, e eu aprendo muito, e o meu amor já não me trata de mémé, e puxa da garganta palavras que eu vou aprender e não vou ter medo de perguntar o que significa, porque ele é o meu amor e sabe tão bem o pouco que eu sei, e não se vai rir, e terminará sempre a dizer, nós sabemos tão pouco, só para eu não me sentir mal). Tem de se começar com a Quasi, com os novos autores, que a Quasi é que lança os novos autores, e eu fico muito contente, porque afinal estou na Quasi, eu e os jovens autores, por quem se tem de começar a investigação da concorrência. Vou lá estar, digo eu para mim. Mas há outras editoras, disse eu, mas logo o meu amor me corrigiu, mas só a Quasi publica os novos autores, e eu já não tenho a certeza, mas sigo-o. Há muitos livros, apesar de uma secção tão pequenina, com apenas quatro ou cinco prateleiras. Todos os livros são fininhos . Afinal não sou só eu que escrevo pouco, penso eu, enquanto o meu amor pousa os seus livros grossos no balcão da Bulhosa, para melhor ver os livros fininhos de poesia, enquanto a empregada olha para os livros grossos, sem saber se o meu amor os vai pagar ou não,a os livros fininhos e aos livros grossos. Nomes bonitos, metáforas extravagantes, coisas que eu nunca pensei. Eu escrevo sobre ciência, penso eu, intimamente, agarrando-me ao casaco do meu amor. Até que vi,
American Scientist, oh, meu amor, alguém me roubou, roubou a ideia. O meu amor tirou-me rapidamente o livro das mão e disse: American Scientist? E eu tiro de novo das mãos dele, a ver se o american scientist me roubou alguma metáfora, alguma imagem, alguma ideia, que só a mim, só a mim me foram oferendadas. Leio o "O melhor poema do mundo". Ele não me roubou nada: nenhuma metáfora, nenhum exotismo, nenhuma latinada, apenas o "melhor poema do mundo". O meu amor pega no livro outra vez e diz, não é grande coisa. Um poema não deve ter a palavra metáfora ou mesmo o adjectivo desengraçado. E eu fiquei contente, talvez, com a concorrência, mas certa que o meu amor gosta dos meus poemas, mais do que da concorrência, e não conseguia ver mesmo no melhor poema do mundo a pequena e fininha poesia do mundo.
domingo, 1 de junho de 2008
Por isto não esperava
Desembocam estes férreos noutro trajecto de peito que não lhe reconhece o mesmo amor. O amor é esta locomotiva espiral que comove os metais do caminho, o amor é esse vapor reatado sobre a fenda acre do papel, inscrito a carvão onde o fumo tinge o olhar de luz, escrito de negro onde o clarão cinge o corpo de cinza.
São estes os férreos transversais, desunidos do crepúsculo na reclusão das mãos, sequestrados ao pavor por devoção. Sempre esse amor ferroviário sem regresso recapitulado na pressa erguida das páginas. Sempre em branco esse sezão rubro, para que a tinta cresça como uma árvore frutada de seiva por essas mulheres alvas e desnutridas de afecto.
Desembocam os férreos díssonos e sinuosos, orvalhados de neblina no leito da sua locomoção estéril de intentos céleres. Que o amor fica sempre por coagular a perda noutro troço de brumas e sangue que nos devolva os caminhos da oração: os caminhos da crença.
Alice Turvo, Férreos Transversais
e os desastres de Sofia
(que tem muito mais piada que o mundo de Sofia)
Parabéns às duas.
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Vodoo
às vezes pergunto-me se só tenho este blog para ver se calha algum elogio na caixa postal. E não é que tem calhado?
No entanto, às vezes também encontramos outras coisas na caixa de correio. Recebi hate mail de uma poetisa holandesa que dizia, se eu não prestasse mais atenção à qualidade do meu neerlandês quando escrevo para poetisas holandesas como ela, então o meu futuro literário holandês terminava aqui.
Ainda por cima, a senhora em questão, é sacerdotisa de vodoo.
Acho que vou pôr o e-mail dela na contracapa do livro.
Pelo menos, assim, vou ter uma recensão aniquiladora! Acham que é melhor já fazer as malas?
No entanto, às vezes também encontramos outras coisas na caixa de correio. Recebi hate mail de uma poetisa holandesa que dizia, se eu não prestasse mais atenção à qualidade do meu neerlandês quando escrevo para poetisas holandesas como ela, então o meu futuro literário holandês terminava aqui.
Ainda por cima, a senhora em questão, é sacerdotisa de vodoo.
Acho que vou pôr o e-mail dela na contracapa do livro.
Pelo menos, assim, vou ter uma recensão aniquiladora! Acham que é melhor já fazer as malas?
sábado, 24 de maio de 2008
Trans-artists
Netherlands, Delft, call
Placed: 23 May 2008, Ref T.A. 1552
HET TIJDELIJK VERBLIJF
artist in residence (a.i.r.)
Foundation id11 has immediately three ordinary houses temporary available for artists. Two houses are for two guest artists (for live and work) and a third house we want to use for temporary exhibitions and projects. In this house artists are invited to make art on location or in relation with the neighborhood. The art made in all the three houses will be connected to the project hier&daar in the end of August.
From August 25 until August 31 foundation id11 will present the project hier&daar. The project hier&daar will take place at the ‘free space' of 38CC in Bacinol, Delft with an exhibition of work made in artist residencies; made abroad and in the Netherlands. An evening will be organized for artists (visual-, music-, performing arts, etc.) and others who like to be informed about experiences and possibilities of artist residencies. Besides that an expert meeting takes place to study the possibilities of realizing an artist residency in Delft.
The three houses are in a one street close to each other. They are in a good state and in walking distance from shopping centre De Hoven Passage in Delft. The temporary houses are easy to reach by public transport. The houses are directly available and will be demolished in September 2008. The minimum duration of stay in the a.i.r. houses is one month. For the these two houses we ask a contribution of 100, - per house per month, for publicity- and organization costs.
Have an idea?
React now!
E-mail: id11@rolinanell.nl
Placed: 23 May 2008, Ref T.A. 1552
HET TIJDELIJK VERBLIJF
artist in residence (a.i.r.)
Foundation id11 has immediately three ordinary houses temporary available for artists. Two houses are for two guest artists (for live and work) and a third house we want to use for temporary exhibitions and projects. In this house artists are invited to make art on location or in relation with the neighborhood. The art made in all the three houses will be connected to the project hier&daar in the end of August.
From August 25 until August 31 foundation id11 will present the project hier&daar. The project hier&daar will take place at the ‘free space' of 38CC in Bacinol, Delft with an exhibition of work made in artist residencies; made abroad and in the Netherlands. An evening will be organized for artists (visual-, music-, performing arts, etc.) and others who like to be informed about experiences and possibilities of artist residencies. Besides that an expert meeting takes place to study the possibilities of realizing an artist residency in Delft.
The three houses are in a one street close to each other. They are in a good state and in walking distance from shopping centre De Hoven Passage in Delft. The temporary houses are easy to reach by public transport. The houses are directly available and will be demolished in September 2008. The minimum duration of stay in the a.i.r. houses is one month. For the these two houses we ask a contribution of 100, - per house per month, for publicity- and organization costs.
Have an idea?
React now!
E-mail: id11@rolinanell.nl
Paleógrafo/a Precisa-se (isto é mesmo a sério)
Descrição do Trabalho:
Transcrição de uma vita de 170 páginas português setecentista numa versão paleográfica.
Requisitos
1. Paciência
2. Atenção
3. perfeccionismo
4. Tendências obsessivas para encontrar a palavra que se esconde na cali-cacografia
Oferece-se
1. Pagamento por página (a negociar consoante experiência/ conhecimento/ dedicação)
2. Colaboração (como estudante-assistente) na edição científica do texto.
Regalias
É bom para o cv de qualquer paleógrafo ou amante de literatura desconhecida!
Pode fazer a partir de casa (ou vir para aqui para Holanda. Só alojamento é que está incluido)
Por favor contactar p251617&rug.nl (com carta de apresentação e um contacto de referência)
Transcrição de uma vita de 170 páginas português setecentista numa versão paleográfica.
Requisitos
1. Paciência
2. Atenção
3. perfeccionismo
4. Tendências obsessivas para encontrar a palavra que se esconde na cali-cacografia
Oferece-se
1. Pagamento por página (a negociar consoante experiência/ conhecimento/ dedicação)
2. Colaboração (como estudante-assistente) na edição científica do texto.
Regalias
É bom para o cv de qualquer paleógrafo ou amante de literatura desconhecida!
Pode fazer a partir de casa (ou vir para aqui para Holanda. Só alojamento é que está incluido)
Por favor contactar p251617&rug.nl (com carta de apresentação e um contacto de referência)
sexta-feira, 23 de maio de 2008
Moço, podia trazer-me um cafezinho para esta mesa junto à janela com vista sobre os canais holandeses? Já agora com o seu endereço de e-mail no saquinho de açucar? É que eu queria enviar-lhe um poema de amor para si, em privado, e tinha vergonha de o fazer assim aqui no blogue. Ponha-me p.f. na conta dos seus habituais.
Santa Joana, padroeira dos cafés do Porto e arrabaldes.
Santa Joana, padroeira dos cafés do Porto e arrabaldes.
terça-feira, 20 de maio de 2008
TRATADO DE BOTÂNICA SEGUNDO BREVITAS RACHMANINOVIANA
Método Duvidoso II
"Alguma vez faremos amor?" - interrogam as orquídeas, plantas herbáceas perenes, monocotiledóneas, terrestres e saprófitas, mas nunca parasitas verdadeiras, que são o teu regaço.
Joana Serrado, Tratado de Botânica, ed. quasi, 2006.
notas do pn:
orquídea - testículo + suf. idea
saprófitas - plantas podres
monocotiledóneas - subcl. de pl. angiospérmicas, caract. por embrião provido de um só cotil., raiz fasciculada, caule atravessado por feixes condutores fechados, folhas invaginantes com nervação paralelinérvia e flores trímeras
angiospérmicas - vaso + semente
fasciculada - feixe pequeno, pequeno tufo de pêlos ou cabelos
invaginante - capaz de envolver (total ou parcialmente) o entrenó
trímera - constituída por três partes
entrenó - espaço entre dois nós consecutivos do caule das plantas
caule - haste, parte alongada do eixo de uma planta que nasce acima da raiz, cresce em direcção oposta a esta, suporta as folhas e estabelece a comunicação entre elas e a raiz, para a circulação da seiva
seiva - saliva, alento, vigor
regaço- der. de regaçar, recolher, cova que a roupa faz entre os joelhos e a cintura de quem está sentado
Paulo Neto
"Alguma vez faremos amor?" - interrogam as orquídeas, plantas herbáceas perenes, monocotiledóneas, terrestres e saprófitas, mas nunca parasitas verdadeiras, que são o teu regaço.
Joana Serrado, Tratado de Botânica, ed. quasi, 2006.
notas do pn:
orquídea - testículo + suf. idea
saprófitas - plantas podres
monocotiledóneas - subcl. de pl. angiospérmicas, caract. por embrião provido de um só cotil., raiz fasciculada, caule atravessado por feixes condutores fechados, folhas invaginantes com nervação paralelinérvia e flores trímeras
angiospérmicas - vaso + semente
fasciculada - feixe pequeno, pequeno tufo de pêlos ou cabelos
invaginante - capaz de envolver (total ou parcialmente) o entrenó
trímera - constituída por três partes
entrenó - espaço entre dois nós consecutivos do caule das plantas
caule - haste, parte alongada do eixo de uma planta que nasce acima da raiz, cresce em direcção oposta a esta, suporta as folhas e estabelece a comunicação entre elas e a raiz, para a circulação da seiva
seiva - saliva, alento, vigor
regaço- der. de regaçar, recolher, cova que a roupa faz entre os joelhos e a cintura de quem está sentado
Paulo Neto
domingo, 18 de maio de 2008
sexta-feira, 16 de maio de 2008
Ser errante
Apresentei um projecto, quinze minutos antes do prazo terminar, a outra bolsa artística (eu sei que devia estar a estudar mais, mas não resisto a estas tentações) e cometi a proeza de dar erros "de meia noite" em três línguas: inglês, neerlandês e alemão. Como vocês já sabem a minha performance em português, acho que sou mesmo uma moça coerente. Erro em todas as línguas.
Retrato de Erro, artista sueco
Retrato de Erro, artista sueco
quarta-feira, 7 de maio de 2008
Ciclo Menstrual da Noite
Próxima Leitura Obrigatória:
Da Maestrina Alice.
(e é com muita honra que eu vou declamar um poema na apresentçao, na Casa Abel salazar, em Matosinhos, no sábado!)
Da Maestrina Alice.
(e é com muita honra que eu vou declamar um poema na apresentçao, na Casa Abel salazar, em Matosinhos, no sábado!)
terça-feira, 22 de abril de 2008
Flores de Inverno
Se a minha Ciência deixasse de ser vegetal e se ressuscitasse numa pauta, numa escala diatónica, com dó móvel, seria eu certamente uma música de cowboys: entre o country e os blues.
Primeiro, porque as minhas flores são do campo.
Adiante, porque procuro sempre o azul.
Este conhecimento, esta hipótese agora tese incontestada, foi descoberta por João Blake (um género especial de dizer as palavras).
Foi isto que se passou numa noite de Abril, colhida aqui.
Podem ouvir a voz dele, com a alma da Botânica (as flores dos homens rudes do Oeste).
Nesse momento, tudo faz sentido e sinto que fiz algo especial.
São nestes pequenos momentos que sinto orgulho do que escrevi.
Ou então dos momentos que as Alices me descobrem, e eu descubro as Alices. Uma secreta, leitora secreta, que também ela conhece a arte da botânica conimbricense (e me aliciou com doçuras conventuais) e a Alice, alice revelação, que nos dirige numa acta para violino. Ela perguntou-me se eu não fiquei contente com o prémio literário, e a partir de aí, tudo começou. Fiquei devastada com a obra bloguíca dela. A tradução, as cartas (e nessas cartas revivi todos os verdadeiros sonhos literários: a resposta impossível à obra)
Se calhar por isso fico toda orgulhosa quando recebo um aceno de um leitor. Uma escrita casual, casuística, nos caderninhos que ambos escrevemos. Ou os virus que um certo breve rachmaninov me manda (nos comentários aos meus/ nossos poemas).
E de repente vieram muitas saudades do Happy e da Salomé, de quem tenho descurado. Vá lá confiar numa D. Juana. É desta que nos encontramos? Com ou sem Chevrolet? Em cima de uma Figueira?
Seja como for, o joão Blake ensinou-me que as minhas flores só são de Inverno.
( e a primavera, a primavera? ...)
Tenho andada afastada deste mundo porque tenho tido epifanias avassaladoras, e estou a escrever uma Epopeia. Até agora acho que é a melhor coisa do mundo. Quando chegar o momento em que for a pior coisa do mundo, então, o HappyandBleeding vai roubar-ma debaixo da travesseira e, na sua Bicicleta Amarela, levá-la-à a Famalicão.
Prometeste-me.
Despeço-me. Até Breve. Às próximas flores de Inverno.
quinta-feira, 17 de abril de 2008
tu não és tu pois não?
tu não és tu pois não? (os maus cristãos)
quem sou senão quem posso ser
quem posso ser senão o que querem que eu seja
que querem que eu seja senão o que todos são
que todos são senão o que não são
que não são senão o que queriam ser
que queriam ser senão quem são
quem são senão quem não são
quem sou senão quem não sou
q.e.d.
quem é aquela de espinha torta
que abaixa o olhar submisso
mas lá fora é fria que corta
divide fere e nem dá por isso
quem é aquela tão bacoca
que ampara o santo pão
mas quando o leva à boca
revela língua suave de vilão
quem é aquela tão recatada
que no olhar só traz candura
mas no quarto acompanhada
se profana vende e desfigura
quem é aquele que é sorrisos
dentes brancos e afectos
mas que morde até aos sisos
as costas e enche os rectos
quem é aquele que é moral
exemplo firme de rectidão
mas que mente e diz mal
de tudo e de todos podridão
quem é aquela que trabalha
passa as horas aqui metida
mas as outras abrutalha
levando a vida abscedida
quem é aquele que tão bom
faz da vida partilha capital
mas que esconde no coraçom
passado escuro e mortal
quem é o gordo rosado senhor
que enche o prato da esmola
mas que de todos tem penhor
e diz que mata e diz que esfola
quem é o que conduz a função
prega o amor divino e a virtude
mas emprenha de empurrão
a criadita mais pobre e rude
quem é o que bate no peito
herói valente puro e paladino
mas ao espelho não tem jeito
pois vê apenas um cretino
quem é aquela que ao colo
traz os seus filhos pequenitos
mas a outras fez grande dolo
matando-lhes os pardalitos
quem é o que proclama
que a esposa é sua rainha
mas longe deitado derrama
o seu adn pela palhinha
são estes os maus cristãos
mas muitos outros haverão
se têm o mundo nas mãos
como inverter a situação?
mas
quem poderá por bem dizer
quem ali vai é mau cristão
pois por que se arrepender
cheio está nosso coração
(Um/O) Vampiro chamado Pedro Azevedo
quem sou senão quem posso ser
quem posso ser senão o que querem que eu seja
que querem que eu seja senão o que todos são
que todos são senão o que não são
que não são senão o que queriam ser
que queriam ser senão quem são
quem são senão quem não são
quem sou senão quem não sou
q.e.d.
quem é aquela de espinha torta
que abaixa o olhar submisso
mas lá fora é fria que corta
divide fere e nem dá por isso
quem é aquela tão bacoca
que ampara o santo pão
mas quando o leva à boca
revela língua suave de vilão
quem é aquela tão recatada
que no olhar só traz candura
mas no quarto acompanhada
se profana vende e desfigura
quem é aquele que é sorrisos
dentes brancos e afectos
mas que morde até aos sisos
as costas e enche os rectos
quem é aquele que é moral
exemplo firme de rectidão
mas que mente e diz mal
de tudo e de todos podridão
quem é aquela que trabalha
passa as horas aqui metida
mas as outras abrutalha
levando a vida abscedida
quem é aquele que tão bom
faz da vida partilha capital
mas que esconde no coraçom
passado escuro e mortal
quem é o gordo rosado senhor
que enche o prato da esmola
mas que de todos tem penhor
e diz que mata e diz que esfola
quem é o que conduz a função
prega o amor divino e a virtude
mas emprenha de empurrão
a criadita mais pobre e rude
quem é o que bate no peito
herói valente puro e paladino
mas ao espelho não tem jeito
pois vê apenas um cretino
quem é aquela que ao colo
traz os seus filhos pequenitos
mas a outras fez grande dolo
matando-lhes os pardalitos
quem é o que proclama
que a esposa é sua rainha
mas longe deitado derrama
o seu adn pela palhinha
são estes os maus cristãos
mas muitos outros haverão
se têm o mundo nas mãos
como inverter a situação?
mas
quem poderá por bem dizer
quem ali vai é mau cristão
pois por que se arrepender
cheio está nosso coração
(Um/O) Vampiro chamado Pedro Azevedo
sábado, 12 de abril de 2008
quinta-feira, 27 de março de 2008
Das Janelas Calafetadas
a janela portuguesa
Das janelas calafetadas ( Over de afgedichte ramen, vertaald door Arie Pos
Na tua casa todas as janelas são calafetadas.
Têm fitas adesivas
siliconizadas
para reduzir o coeficiente de atrito
de tracção
Fecham sem deixar abrir a janela.
Mesmo assim
quando chove
os caracóis marcham deslizando suavemente pelos vidros.
Deixam uma caligrafia viscosa que me arrepia.
- Grito
horrorizam-me os caracóis.
Eles assustam-se
recolhem os seus pauzinhos
estagnando na tua vidraça calafetada.
O seu rasto viscoso permanece nos vidros da tua janela
nas madeiras envernizadas
nas carpetes densas
nos meus pés nus
no meu pescoço
E eu grito
os vidros racham-se.
E eu grito
porque sinto o caracol no meu pescoço,
a subir pela nuca
deixando o seu rasto viscoso
no meu pescoco.
Tu apaziguas-me
dizendo que as janelas estão calafetadas
siliconizadas
os caracóis amedrontados
e o rasto viscoso é apenas o da tua língua
no meu pescoco.
De como as tuas janelas calafetadas não me protegem de arrepios.
in Joana Serrado, Emparedada Uit de Muur Hendrik de Vriesstipendium 2008
segunda-feira, 17 de março de 2008
Flaubert c'est moi!
Passei o dia todo - leia-se, o dia útil, que por acaso até começou muito tarde - com um poema a estourar-me na minha cabeça. Como era em neerlandês nã conseguia entender. Até que fui andar de van dale em van dale (traduçâo: dicionário em dicionário) à procura dos verbos para dançar essas palavras que eu própria não conhecia, mas sentia o ritmo, a sinfonia.
De vez em quando tinha de interromper para ler o Ser e o Nada sartreano já que estas actividades passavam-se no meu escritório pomposo da Faculdade, e o sentimento de culpa transtorna as minhas investigações.
Voltava aos dicionários, às wikipedias, aos artigos linguísticos e aos blogues manhosos.
O meu poemalivro continua ainda na cabeça, mas lá ganhou uma palavra.
Wallen. Olheiras.
De vez em quando tinha de interromper para ler o Ser e o Nada sartreano já que estas actividades passavam-se no meu escritório pomposo da Faculdade, e o sentimento de culpa transtorna as minhas investigações.
Voltava aos dicionários, às wikipedias, aos artigos linguísticos e aos blogues manhosos.
O meu poemalivro continua ainda na cabeça, mas lá ganhou uma palavra.
Wallen. Olheiras.
quinta-feira, 13 de março de 2008
Tratado de Botânica Segundo Tarde de Rabanete
Prolegómenos ao rigor de uma ciência futura
de vinte e quatro maneiras morremos,
de quarenta maneiras ressuscitamos em flores.
(Obrigada Rabanete, por me deixares acompanhar na tua ressurreição)
de vinte e quatro maneiras morremos,
de quarenta maneiras ressuscitamos em flores.
(Obrigada Rabanete, por me deixares acompanhar na tua ressurreição)
domingo, 9 de março de 2008
Afinal
Já me descobriram. Afinal sou uma poet/is/a viva.
Obrigada. Eu às vezes duvido disso, é bom ser lembrada.
Obrigada. Eu às vezes duvido disso, é bom ser lembrada.
sábado, 8 de março de 2008
Joana e Maiakóvski à procura de Alice
Ele perguntou e Ela disse
A rabeca estremeceu, suplicando,
e de repente soluçou
tão infantilmente
que o tambor não se conteve:
"Pronto, pronto, pronto!"
E, cansado,
sem a querer ouvir,
meteu pela agitada rua Kuznétski
e sumiu-se.
A orquestra via, indiferente,
como a rabeca chorava
sem palavras,
sem factos,
e só algures
um prato cretino
replicou:
"Que é isso?
Como é isso?"
E quando o contrabaixo,
de fuças de bronze,
mimado,
gritou:
"Porque não
se cala
essa maluca chorona?"
levantei-me,
cambaleando por entre as notas,
curvando-me sob o terror daas estantes
de música,
e gritei não sei porquê:
"Meu Deus!"
E atirei-me ao seu pescoço de madeira:
"Sabes uma coisa, rabeca?
Somos terrivelmente parecidos:
eu também berro
e não sei demonstrar nada!"
Os músicos riem:
"Que tipo mais chalado!
Fugir com uma noiva de madeira!
Só entornado!"
Mas eu que me importa!
Sou bom.
"Sabes uma coisa, rabeca?
Se quiseres -
vamos viver juntos!
Hã?" [ Maiakovski, 1914]
E a rabeca respondeu:
Minha voz triste e fanhosa
rabeia-se em rabecadas
rabejada
rabiscada
sem ser tua
Rabbi
Meu nome é
rebeca, rebecq, rebet, ribeca, rebecum, rabel, rebequin
Não serei uma bala
balancé
que baila
baloiçada
Balailaca
balida
na tua balada
sou de origem incerta e partida já acertada .
[Joana Serrado, 2008]
para a menina Alice, da Joana e Vladimir
terça-feira, 4 de março de 2008
Para que conste
Fui eu que lesionei o Miguel Marques.
Depois de ele ler o meu primeiro poema em neerlandês teve de vergar a espinha perante aquela obra de arte!
Depois de ele ler o meu primeiro poema em neerlandês teve de vergar a espinha perante aquela obra de arte!
domingo, 24 de fevereiro de 2008
Renúncia
A minha mãe mandou-me um e-mail a dizer que eu cometi um erro gramatical. Na mensagem do Goncalo Cadilho, escrevi perquem. Claro que poderia substituir discretamente a forma verbal pela correcta. Ou então poderia vir aqui (já que há tanta gente letrada neste blogue) mandar uma piada e rir-me (sem vontade) da situaçao.
Infelizmente venho dizer algo mais grave e importante que a gramática, uma heresia na serpente emplumada pessoana.
A minha pátria não é a língua portuguesa.
Poderei dizer algo mais hediondo que isto?
Sim.
Nem sequer sei qual é a forma correcta. Como se conjuga o verbo perder no imperativo? Como se con-juga o verbo perder? Não será apenas um verbo passivo, inconjugavel?
Renuncio à minha pátria, à minha língua ao meu nome.
Isto não é poesia portuguesa. Eu sou sem ser.
Infelizmente venho dizer algo mais grave e importante que a gramática, uma heresia na serpente emplumada pessoana.
A minha pátria não é a língua portuguesa.
Poderei dizer algo mais hediondo que isto?
Sim.
Nem sequer sei qual é a forma correcta. Como se conjuga o verbo perder no imperativo? Como se con-juga o verbo perder? Não será apenas um verbo passivo, inconjugavel?
Renuncio à minha pátria, à minha língua ao meu nome.
Isto não é poesia portuguesa. Eu sou sem ser.
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
Cesariny aplicado ao happyandBleeding
II
E era uma vez este homem
que era um chevrolet
casado com uma mulher de vidro
que era uma colher de prata
Tempos depois sobreveio uma zanga
que era uma criança nua
entre umas tábuas de passar a ferro
e dois elevadores lindíssimos
Metrónomo (disseram eles)
Verdadeira saudade pernilonga
o pára-raios pôs-se a esfardar romanticamente o toldo
de uma máquina de escrever disposta para o amor às quatro no
interior de um quarto
que era uma planície redonda semeada de vírgulas violeta
com um pequeno garfo nas costas
que era o amanhecer que é uma árvore
na boca de uma mosca de veludo rosa
Metrónomo metrónomo (disseram eles ainda)
é uma árvore é uma pedra que vai começar o terceiro canto?
É a aflição dos outros, meu amor.
Lembro-me de tudo como se fosse hoje
as crianças brincavam nos jardins
com um pequeno garfo nas costas
sem dúvida o mesmo de há bocado
e até era domingo vê lá tu
de repente apareceste muito devagar a meu lado
arrastando sem esforço dois aparadores baratíssimos
ai! minha tristeza não era uma barca
breve houve lapidações em série
com um ligeiro clic de chaufagem aberta
todos os meus irmãos começaram a andar velozmente para trás
pobres dos meus irmãos que será feito deles e de nós que fizemos?
Imossível saber-se até onde irá connosco a nossa confiança
Ficaste, mão que aperto todas as manhãs para atravessar incólumes
os espaços vazios
Ficaste, peito sangrento do mundo largada para o sol entre os bichos
e eu
meu único amor meu amor meu múltiplo amor meu
tu que és uma mesa redonda enamorada dos seus próprios círculos
um alcaide sem discos um maço de cigarros
que se descobriu flor
que se descobriu água
que se abriu de repente
que gritou de repente
que implantou na minha vida de repente a carola perfeita
da desorganização
Não me encontrarás como um anel na curvatura I - Z do teu dedo
mindinho
nem na treva que exalta os teus cabelos
nem no espantoso hall da tua testa fechada iluminadíssima
encontrar-me-ás numa nuvem de escamas milimétricas em torno da
tua boca
com toda a força principal na boca
ou nesta casa que é um homem morto
rodeado de rostos sempre translúcidos
- Onde está o homem que era um chevrolet
casado com uma vírgula de amianto?Certo e sabido que anda sobre as águas que o matei sem querer
estas estrelas brilham com tal nitidez
que acabam sempre por tornar-se suspeitas
Não importa transfigurá-lo-ei em poderoso egípcio
Abracadabra! Vram! Abracadabra!
Os teus olhos estão belos como a lua dos rios exteriores
Mário Cesariny
Pena Capital II
pena capital
2ª edição
Assírio & Alvim
1999
Para o Happy , que não precisa de ser um chevrolet para estar casado com uma vírgula de amianto!
E era uma vez este homem
que era um chevrolet
casado com uma mulher de vidro
que era uma colher de prata
Tempos depois sobreveio uma zanga
que era uma criança nua
entre umas tábuas de passar a ferro
e dois elevadores lindíssimos
Metrónomo (disseram eles)
Verdadeira saudade pernilonga
o pára-raios pôs-se a esfardar romanticamente o toldo
de uma máquina de escrever disposta para o amor às quatro no
interior de um quarto
que era uma planície redonda semeada de vírgulas violeta
com um pequeno garfo nas costas
que era o amanhecer que é uma árvore
na boca de uma mosca de veludo rosa
Metrónomo metrónomo (disseram eles ainda)
é uma árvore é uma pedra que vai começar o terceiro canto?
É a aflição dos outros, meu amor.
Lembro-me de tudo como se fosse hoje
as crianças brincavam nos jardins
com um pequeno garfo nas costas
sem dúvida o mesmo de há bocado
e até era domingo vê lá tu
de repente apareceste muito devagar a meu lado
arrastando sem esforço dois aparadores baratíssimos
ai! minha tristeza não era uma barca
breve houve lapidações em série
com um ligeiro clic de chaufagem aberta
todos os meus irmãos começaram a andar velozmente para trás
pobres dos meus irmãos que será feito deles e de nós que fizemos?
Imossível saber-se até onde irá connosco a nossa confiança
Ficaste, mão que aperto todas as manhãs para atravessar incólumes
os espaços vazios
Ficaste, peito sangrento do mundo largada para o sol entre os bichos
e eu
meu único amor meu amor meu múltiplo amor meu
tu que és uma mesa redonda enamorada dos seus próprios círculos
um alcaide sem discos um maço de cigarros
que se descobriu flor
que se descobriu água
que se abriu de repente
que gritou de repente
que implantou na minha vida de repente a carola perfeita
da desorganização
Não me encontrarás como um anel na curvatura I - Z do teu dedo
mindinho
nem na treva que exalta os teus cabelos
nem no espantoso hall da tua testa fechada iluminadíssima
encontrar-me-ás numa nuvem de escamas milimétricas em torno da
tua boca
com toda a força principal na boca
ou nesta casa que é um homem morto
rodeado de rostos sempre translúcidos
- Onde está o homem que era um chevrolet
casado com uma vírgula de amianto?Certo e sabido que anda sobre as águas que o matei sem querer
estas estrelas brilham com tal nitidez
que acabam sempre por tornar-se suspeitas
Não importa transfigurá-lo-ei em poderoso egípcio
Abracadabra! Vram! Abracadabra!
Os teus olhos estão belos como a lua dos rios exteriores
Mário Cesariny
Pena Capital II
pena capital
2ª edição
Assírio & Alvim
1999
Para o Happy , que não precisa de ser um chevrolet para estar casado com uma vírgula de amianto!
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008
O vizinho do lado
Baseado na obra de André Brun, A vizinha do lado é uma comédia portuguesa dos anos 50 , de António Lopes Ribeiro, que mostra a conversão de um valdevinos por uma inocente e cândida vizinha do lado.
Não perquem,amigos bloguentos, o meu vizinho do lado, na nossa cidade favorita!
PS: Nao se nota bem, pois nâo? Como é discreto este vizinho do Lado.
É o Gonçalo Cadilhe (sim, esse, com a boa vida) que vai falar sobre Fernão de Magalhães na Bulhosa do Porto, quarta-feira ás 21h30.
Não perquem,amigos bloguentos, o meu vizinho do lado, na nossa cidade favorita!
PS: Nao se nota bem, pois nâo? Como é discreto este vizinho do Lado.
É o Gonçalo Cadilhe (sim, esse, com a boa vida) que vai falar sobre Fernão de Magalhães na Bulhosa do Porto, quarta-feira ás 21h30.
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
A colcha da nossa Esperança Nacional
O Miguel Marques está urgentemente a precisar de um novo diagnóstico. Como o meu namorado neo-realista acha reacionário e pró-imperialista comemorar o dia de s. valentim, vou aproveitar essa folga na nossa relação para me dedicar a um diagnóstico decente da nossa esperaça nacional, M.M. Já viram aquele post dos gatos? Já repararam na colcha? Isso explica muita coisa. Esperem só. Amanhã, depois do tratamento de shiatsu, aqui no meu jardim.
Miguel Marques no espeto.
Miguel Marques no espeto.
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
Concurso
O poema que se segue, ou melhor a sua versão em neerlandês, valeu-me 6.000 euros.
Dou um prémio holandês (ainda a pensar.... ou então o livro que prometi ao Paulo Borges), pela melhor crítica CONSTRUTIVA (por favor não
me ponham mais miserabilista do que eu sou). Avisei logo que tinha ganho essa maquia (por este poema e por outros que hão-de e agora têm de vir) para testar a vossa irreverência e vos fazer criticar, o mais implacavelmente possivel, essa coisa magnífica que são os Prémios e honras literárias!
O meu mail, já se sabe, tratadodebotanica aquelacoisa gmail.com
Das portas trancadas
Doem-me as portas trancadas.
As que abanamos e não se conseguem abrir.
Das que se perderam as chaves.
As chaves das portas trancadas que não se conseguem abrir.
Penso nas portas trancadas da tua casa.
As chaves que se escondem e não mais aparecem
a porta do teu quarto que range sempre que a abres
ou quando se tosse uma réstia de vento.
A madeira sólida do teu quarto
os raios anelares das árvores
agora sem vida
trancam o teu quarto
conservando a resina que cola os meus cabelos à tua porta.
As unhas negras.
O sangue coagulado.
A dor.
O horror.
De como a tua porta se tranca trilhando os meus dedos de solidão.
Dou um prémio holandês (ainda a pensar.... ou então o livro que prometi ao Paulo Borges), pela melhor crítica CONSTRUTIVA (por favor não
me ponham mais miserabilista do que eu sou). Avisei logo que tinha ganho essa maquia (por este poema e por outros que hão-de e agora têm de vir) para testar a vossa irreverência e vos fazer criticar, o mais implacavelmente possivel, essa coisa magnífica que são os Prémios e honras literárias!
O meu mail, já se sabe, tratadodebotanica aquelacoisa gmail.com
Das portas trancadas
Doem-me as portas trancadas.
As que abanamos e não se conseguem abrir.
Das que se perderam as chaves.
As chaves das portas trancadas que não se conseguem abrir.
Penso nas portas trancadas da tua casa.
As chaves que se escondem e não mais aparecem
a porta do teu quarto que range sempre que a abres
ou quando se tosse uma réstia de vento.
A madeira sólida do teu quarto
os raios anelares das árvores
agora sem vida
trancam o teu quarto
conservando a resina que cola os meus cabelos à tua porta.
As unhas negras.
O sangue coagulado.
A dor.
O horror.
De como a tua porta se tranca trilhando os meus dedos de solidão.
Olá
tenho estado doente, depois tive de fazer um capítulo da minha tese, depois li um texto do Miguel Marques, depois tive uma epifania no Museu da biblia, depois declamei poemas com Rutger Kopland, depois perdi uma lente de contacto e voltei aos óculos escuros, depois sonhei com o Ninguém, que tinha um grande bigode daqueles que faz duas espirais nos cantos, depois veio uma grande saudade da Salomé e do happyandbleeding, depois fiz um poema para a Menina Citroën, depois vi que já estava na casa da Menina Rabanete, depois andei à procura dos livros que io Emílio Augusto descobriu para a minha tese, depois não os encontrei, depois achei que era uma grande parva - sim, acho que ainda continuo a achar- especialmente hoje que me esqueci da minha aula mensal em Utrecht, e depois...
só sei que vou voltar para Portugal, de dia 15 a dia 20. Podiamos combinar qualquer coisa, não sei. Eu já não vejo o meu telemóvel há muito tempo, mas há sempre o e-mail. Se eu não ficar parva de todo, claro, até lá.
só sei que vou voltar para Portugal, de dia 15 a dia 20. Podiamos combinar qualquer coisa, não sei. Eu já não vejo o meu telemóvel há muito tempo, mas há sempre o e-mail. Se eu não ficar parva de todo, claro, até lá.
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
O meu Fado
Hoje é o dia da Poesia na Holanda. 24 horas a declamar poemas em todo o país.
Nao sei se foi telepatia ou não, o certo é que apesar de esta semana ter estado trancada em casa, com gripe, descobri, por mero acaso, aqui na internet, que pelos istos, daqui a 45 m não só vou declamar poesia (entre a tosse de cachorro que tenho) , como ainda por cima estou "classificada" como fado-dichteres. Por esta não esperava. O meu fado deve ser o fado de coimbra, o fado dos doutores...
Nao sei se foi telepatia ou não, o certo é que apesar de esta semana ter estado trancada em casa, com gripe, descobri, por mero acaso, aqui na internet, que pelos istos, daqui a 45 m não só vou declamar poesia (entre a tosse de cachorro que tenho) , como ainda por cima estou "classificada" como fado-dichteres. Por esta não esperava. O meu fado deve ser o fado de coimbra, o fado dos doutores...
31 januari 2008, 18:00u Cafe Pauze
Onder leiding van Ruurd van der Wey zullen de volgende dichters in Cafe Pauze optreden: E. Filippus, Trees Bosch, Pieter Wagenborgen, Kees van der Hoef, Harm Guikema, Jana Ilsen, Bote de Jong, Rob in den Hoed, Sabien Hubert, Eddy Flohr, Karel Immega en een speciaal optreden van een fado-dichteres uit Portugal. Tevens zal er een bundeltje worden gepresenteerd van 'Poeten uit de Pauze'. Cafe Pauze, Folkingestraat 31, toegang gratis.
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
Onde estão elas?
Azedas: oxalis acetosa. Flor amarela, esguia. Planta hortense, da família das oxalidáceas. Azedas brotam do teu umbigo. Chupo-lhes os caules tenros. O seu perfume e a sua acidez turvam-me os sentidos. Creio que rosmaninho azul Rosmarinus officinalis começa a crescer no meu umbigo.
Tratado de Botânica
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
Dele também será o reino do Céus
Santa Joana Princesa, momentaneamente ranhosa e febril, descobriu que, por detrás daquele tom misógino insuportável, até Miguel Marques possui uma alma passível de recuperação.
Aleluia.
É possível a salvação e reconversão da mais desgraçada criatura.
(a continuar)
Aleluia.
É possível a salvação e reconversão da mais desgraçada criatura.
(a continuar)
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
domingo, 20 de janeiro de 2008
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
A autora da Botânica enquanto estrela cadente
O Lobo Antunes pode ter dado uma entrevista ao DN a dizer que pondera publicar no estrangeiro, mas eu dei uma ao Labor a dizer que vou ter mesmo de publicar no estrangeiro.
PS: Agora é que estou mesmo uma estrela cadente.
PS: Agora é que estou mesmo uma estrela cadente.
Quem quer ser teóloga?
Job opportunities
Two PhD scholarships
The Faculty of Theology and Religious Studies of the University of Groningen, the Netherlands, invites candidates to apply for a PhD scholarship. The scholarship is € 1.422 per month after tax, and available to both Dutch and foreign students.
Profile of the Faculty
Established in 1614, the University of Groningen is the second oldest university in The Netherlands. The teaching programmes offered by the Faculty of Theology and Religious Studies have been assessed as the best in the Netherlands (2006). According to the latest international research assessment, the faculty’s research meets the highest international standards. Main research areas are: Jewish and early Christian Traditions, Ancient and Contemporary Religions, Indian Religions, the History of Modern Christianity, Islam, Religious Anthropology, Philosophy of Religion, Psychology of Religion and Spiritual Care. See: Research Programmes
The deadline for applications is 1 February 2008
General Requirements
Applicants must have a M.A. or M.Sc. degree in Theology, Religious Studies or a closely related area. Successful applicants will participate in the PhD-programme offered by the Graduate School for Theology and Religious Studies.
Further information/How to apply
Click here for detailed information on the programme, the application procedure, requirements and the application form.
Applications should be sent by 1 February, 2008 to:
Mrs. M.C. Buigel-de Witte
Graduate School ThRS Office
Oude Boteringestraat 38,
9712 GK Groningen,
The Netherlands,
E-mail m.c.buigel-de.witte@rug.nl
For more information applicants may also contact the director of the school, Prof. dr. A.F. Sanders;
Telephone +31 50 363 4583 / E-mail A.F.Sanders@rug.nl
Two PhD scholarships
The Faculty of Theology and Religious Studies of the University of Groningen, the Netherlands, invites candidates to apply for a PhD scholarship. The scholarship is € 1.422 per month after tax, and available to both Dutch and foreign students.
Profile of the Faculty
Established in 1614, the University of Groningen is the second oldest university in The Netherlands. The teaching programmes offered by the Faculty of Theology and Religious Studies have been assessed as the best in the Netherlands (2006). According to the latest international research assessment, the faculty’s research meets the highest international standards. Main research areas are: Jewish and early Christian Traditions, Ancient and Contemporary Religions, Indian Religions, the History of Modern Christianity, Islam, Religious Anthropology, Philosophy of Religion, Psychology of Religion and Spiritual Care. See: Research Programmes
The deadline for applications is 1 February 2008
General Requirements
Applicants must have a M.A. or M.Sc. degree in Theology, Religious Studies or a closely related area. Successful applicants will participate in the PhD-programme offered by the Graduate School for Theology and Religious Studies.
Further information/How to apply
Click here for detailed information on the programme, the application procedure, requirements and the application form.
Applications should be sent by 1 February, 2008 to:
Mrs. M.C. Buigel-de Witte
Graduate School ThRS Office
Oude Boteringestraat 38,
9712 GK Groningen,
The Netherlands,
E-mail m.c.buigel-de.witte@rug.nl
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Telephone +31 50 363 4583 / E-mail A.F.Sanders@rug.nl
quinta-feira, 3 de janeiro de 2008
quarta-feira, 2 de janeiro de 2008
Amores de 2008
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Emparedada/Uit de Muur
Klompen / Socos
Klompen/ Socos
Klompen/ Socos: tamancos, chinelas de pau, tb. acto de toque fisico, agressivo, da /tua, minha/ mao na / minha, tua/ face
Klompen
Gostava de te dizer como são os meus passos que me afastam de ti.
Como não vivo para ti, nem escrevo para ti.
Como não penso no meu amor, nem te amo em pensamento.
Como não te vejo nos lugares onde nunca estivemos juntos.
Como tu não me pisas quando me obrigas a seguir os teus passos,
ou como não me calcas quando descalças os pés às leonores
que bebem da tua fonte.
Como caminho firme e confiante pelos prados holandeses, entre as vacas e a lama,
e me afasto cada vez mais de ti.
Como os meus passos se afastam dos teus passos, correndo para longe, longe,
esperando que o mundo seja realmente redondo, e não plano,
e possa, um dia, chegar às tuas costas, tapar os teus olhos e dizer-te
mijn thuisland is niet meer mijn taal.
Socos
Ik wilde je zeggen hoe mijn stappen zijn die mij van je verwijderen.
Hoe ik niet leef voor jou, niet eens schrijf voor jou.
Hoe ik niet denk aan mijn liefde en je evenmin bemin in gedachten.
Hoe ik je niet zie op de plaatsen waar we nooit samen waren.
Hoe je me niet vertrapt wanneer je me dwingt je stappen te volgen,
of hoe je me niet plet wanneer je de schoenen uittrekt
van de leonoors die drinken uit jouw bron.
Hoe ik ferm en vol vertrouwen door de Nederlandse weiden loop,
tussen koeien en modder, en me steeds verder van je verwijder.
Hoe mijn stappen zich verwijderen van jouw stappen, rennend naar de verre verten,in de hoop dat de wereld werkelijk rond is, en niet plat,
en dat ik op een dag achter je sta, mijn handen op je ogen leg en zeg
a minha pátria já não é a minha língua.
Joana Serrado, Emparedada/ Uit de Muur, Uitgeverij de Passage, 2009, p. 32, 33
Klompen
Gostava de te dizer como são os meus passos que me afastam de ti.
Como não vivo para ti, nem escrevo para ti.
Como não penso no meu amor, nem te amo em pensamento.
Como não te vejo nos lugares onde nunca estivemos juntos.
Como tu não me pisas quando me obrigas a seguir os teus passos,
ou como não me calcas quando descalças os pés às leonores
que bebem da tua fonte.
Como caminho firme e confiante pelos prados holandeses, entre as vacas e a lama,
e me afasto cada vez mais de ti.
Como os meus passos se afastam dos teus passos, correndo para longe, longe,
esperando que o mundo seja realmente redondo, e não plano,
e possa, um dia, chegar às tuas costas, tapar os teus olhos e dizer-te
mijn thuisland is niet meer mijn taal.
Socos
Ik wilde je zeggen hoe mijn stappen zijn die mij van je verwijderen.
Hoe ik niet leef voor jou, niet eens schrijf voor jou.
Hoe ik niet denk aan mijn liefde en je evenmin bemin in gedachten.
Hoe ik je niet zie op de plaatsen waar we nooit samen waren.
Hoe je me niet vertrapt wanneer je me dwingt je stappen te volgen,
of hoe je me niet plet wanneer je de schoenen uittrekt
van de leonoors die drinken uit jouw bron.
Hoe ik ferm en vol vertrouwen door de Nederlandse weiden loop,
tussen koeien en modder, en me steeds verder van je verwijder.
Hoe mijn stappen zich verwijderen van jouw stappen, rennend naar de verre verten,in de hoop dat de wereld werkelijk rond is, en niet plat,
en dat ik op een dag achter je sta, mijn handen op je ogen leg en zeg
a minha pátria já não é a minha língua.
Joana Serrado, Emparedada/ Uit de Muur, Uitgeverij de Passage, 2009, p. 32, 33
A minha pátria não é a minha língua
In Nederland wil ik sterven,
En in de natte grond bederven
Joana Slauerhoff